A geração atual de consoles trouxe muitas mudanças no Brasil. Estávamos acostumados ao mundo da pirataria com as duas gerações anteriores, praticamente dominadas pelo PlayStation 1 e 2.
Na época dos 128-bits, poucos tiveram Gamecube ou Xbox. A grande maioria possuía PlayStation 2 destravado. Quem nunca pirateou, que atire a primeira pedra.
Mas esse imenso público dos jogos alternativos acabou se dividindo. Os que continuaram querendo piratear mudaram para o Xbox 360, de onde surgiu grande parte dos atuais “caixistas”. E, apesar de existir uma parcela de pessoas que tem esse console travado, ela é bem menor.
Há aqueles que não quiseram abandonar a marca da Sony e apostaram no PlayStation 3, que teve um início de vida complicado, mas foi se estabilizando com o tempo, proporcionalmente com a diminuição da arrogância da Sony por achar que deteria o monopólio do mercado de games para sempre. O console, que era conhecido como “a fortaleza impenetrável contra a pirataria”, acabou cedendo, no entanto, isso parece não ter afetado muito suas vendas.
Não posso esquecer de citar os jogadores que foram para o PC. Aqueles que permaneceram pirateando e aqueles que entraram no mundo da venda digital, com suporte da Steam, Nuuvem, e outros serviços que funcionam muito bem no nosso país.
Por um milagre da natureza, os jogos em mídia física da atual geração ficaram mais baratos do que eram na época dos 128-bits. Não chegou ao preço ideal, mas um jogo não custava mais R$300, como eram os de PS2. Assim, muitas pessoas tiveram acesso a jogos originais, tanto para PS3, como para Xbox 360 e Wii.
Com isso, vimos a oferta de jogos usados aumentar muito por toda internet. O site Mercado Livre virou centro de vendas e trocas de jogos, aumentando cada vez mais e com preços atraentes para aqueles que procuravam por títulos que não fossem lançamentos.
Houve também aqueles que compravam ou traziam jogos do exterior, o que ajudou a alimentar esse mercado, com mais intensidade no PS3 que não tem restrição de região, ou seja, sempre rodou qualquer jogo de qualquer lugar do mundo!
No fim das contas, gamers que se utilizavam de jogos originais acabaram criando suas pilhas de caixinhas com lançamentos, preferidos e aqueles que poderiam ser vendidos mais tarde.
Só que estamos chegando perto do fim desta geração e a pilha de jogos para vender/trocar só aumentou. A impressão é que seria fácil vender os jogos menos interessantes, mas não é. Em sites de venda, encontra-se muitos jogos a preço de banana, porque ninguém os quer mais. Street Fighter IV? Não vende porque a grande maioria já possui a versão Super Arcade Edition. E Fifa 08 então? Você acha usado por R$15,00, mas quem vai querer um jogo desses? Ok, talvez alguns colecionadores, porém, a oferta é muito maior que a procura.
E isso acontece com muitos outros títulos. O interessante é que o custo de produção nessa geração aumentou muito, e é perceptível que tivemos menos jogos lançados, mas mesmo assim, a pilha é grande.
Isso me faz pensar que muitos devem estar pretendendo na próxima geração “comprar menos jogos”. Mas será que conseguiremos resistir às novidades que o XBox One e o PlayStation 4 irão trazer? E o Wii U, quem sabe…
Com o número de jogos localizados só aumentando e a atenção por parte das produtoras de console que aumenta a cada ano, vai ser difícil consumir menos. Dizem que até mesmo o “serviço de TV pra ver TV na sua TV” do Xbox One irá funcionar no Brasil, com a parceria de alguma provedora de TV à cabo. Aliás, o Brasil está na lista dos primeiros países a receber o console.
Será que todos irão conseguir se desfazer dos jogos usados e não tão queridos? Vamos ser obrigados a comprar uma nova estante para armazenar os jogos da próxima geração? Esse é o dilema dos gamers atuais!