No dia 3 de abril de 2025, “Regras do Amor na Cidade Grande” chegará aos cinemas brasileiros.
A A2 Filmes nos convidou para conferir o filme antecipadamente e aqui está nossa crítica.
Conhecido também como “Love in The Big City“, o longa é dirigido por E.Oni, estrelado pela Kim Go-eun e pelo Steve Sanghyun Noh. O enredo foi baseado no romance homônimo do sul-coreano Sang Young Park, que além de best-seller foi semifinalista do Booker Prize 2022.
Sinopse
Jae-hee é uma jovem livre e de espírito ousado, que vive sem se importar com as opiniões dos outros, chamando atenção pelo estilo destemido. Mas sua vida dá uma reviravolta ao descobrir um segredo bem guardado de Heung-soo, alguém que captou seu olhar mas nunca despertou seu real interesse.
Essa revelação inesperada aproxima os dois, que descobrem não ser o “par ideal” um do outro, mas compartilham momentos especiais que mais ninguém entenderia. Decididos a ignorar os rumores que os cercam, Jae-hee e Heung-soo optam por viver e amar em seus próprios termos, iniciando uma jornada de convivência intensa e autêntica. Uma história que revela que o amor verdadeiro não segue padrões e que só eles podem entender o que vivem juntos.
O filme
Algo que a sinopse e os trailers omitem é o motivo que aproxima os protagonistas tão rapidamente. Eles se conhecem durante o período de faculdade e ambos se sentem rejeitados pela sociedade.
Jae-hee viveu muitos anos fora da Coreia do Sul, tem uma visão única do mundo e se comporta diferente dos demais. Ela tem suas próprias regras, suas maneiras de reagir a problemas e também não costuma perder festas e baladas noturnas. Por conta de todos esses motivos, ela é tratada como alguém diferente, uma mulher fácil ou mesmo “uma vadia”.
Já Heung-soo revela para Jae-hee que é gay, logo de início, e mesmo que sem querer. Ele tem ciência disso desde o ensino médio e a partir daí vem sofrendo uma grande pressão tanto da sociedade como de sua própria mãe.
Por conta dos problemas que eles vivem, os dois se tornam amigos. Um apoia o outro nos momentos difíceis, compartilham histórias, segredos, suas decepções, seus traumas. E com isso, eles até mesmo passam a morar juntos, por vários anos durante o início de suas vidas adultas.
Dá para dizer que cada um deles tem um objetivo, ou ao menos, uma ideia de como a vida poderia ser melhor, caso algumas coisas fossem diferentes. Jae-hee aparenta ser forte e imune a críticas, mas há momentos críticos em que ela gostaria apenas de ser respeitada por quem ela é. O
Heung-soo, por sua vez, enxerga como uma muralha intransponível o ato de se assumir como gay. Ele não consegue reunir forças para isso, passando por vários problemas que ele acaba levando por grande parte da vida. Em grande parte, isso é ocasionado pelo local onde ele vive. A Coreia do Sul é um dos países mais conservadores com relação aos direitos LGBT, seja por motivos religiosos ou sociais. Por muitos é visto como um desvio, uma doença.
E isso é extremamente bem retratado no filme, indo desde ataques homofóbicos, até o afastamento que Heung-soo é obrigado a fazer de sua mãe.
Embora o filme tenha sido divulgado como uma comédia romântica, ele se trata de um drama profundo, com as mais variadas emoções. Há momentos leves também, alguns são tensos e nada se perde em dramalhão.
A história no geral é muito bem contada, bem montada e faz tudo parecer muito real. Não tem como não torcer para que os personagens fiquem bem no final. No entanto, assim como é na vida, nem tudo termina da maneira mais perfeita, porém, posso dizer que a conclusão de tudo é satisfatória.
Como se trata de uma adaptação de um livro para um filme de duas horas, alguns acontecimentos passam de forma rápida. Mas ainda assim, não fica a sensação de tudo acontecer de forma corrida, graças à edição e a montagem. De qualquer forma, é preciso assistir prestando atenção aos detalhes, são muitos personagens e a história não vem toda mastigada.
Às vezes, um simples comentário de um personagem, um objeto, um clipe ou uma notícia passando na TV, pode acabar sendo referenciado mais tarde. O que torna a trama ainda mais rica e detalhada.
Há de se pensar o motivo de omitirem tantos detalhes nos trailers e sinopses. Talvez, houvesse um receio da rejeição do público coreano. E realmente, o anúncio do filme gerou alguns protestos na redes sociais coreanas. No entanto, a bilheteria foi muito expressiva e o filme conquistou muitas indicações e prêmios por sua qualidade.
O ano de 2024 foi importante para “Love in The Big City” também por outro motivo: uma adaptação em k-drama também foi lançada e atualmente está disponível no Rakuten Viki. São 8 episódios de 1 hora, com legendas em português e classificação indicativa de 18 anos.
Nunca cheguei a ler o livro, mas andei vendo por aí que o filme aborda somente um quarto dele. Será que teremos alguma continuação vindo por aí?
Gostaria muito de ver mais da interação de Heung-soo com a Jae-hee. Ele realmente se completam de uma forma bem diferente. São quase irmãos. Até mesmo as brigas entre eles acontecem de forma interessante e convincente.
Fico imaginando como seria um filme desse tipo sendo feito no Brasil. Como seriam os personagens, como o público iria reagir. “Regras do Amor na Cidade Grande” aborda temas complexos de uma forma bem amarrada, e nota-se que a produção realmente se empenhou em entregar algo com coração, com uma boa mensagem para passar.
Por isso, eu espero que agora, chegando aos cinemas, ele consiga atingir um bom público. E que consiga agradar mesmo a quem curte produções coreanas mas gosta apenas das comédias românticas clichês.
Para quem curte k-pop (das antigas) tem MissA na trilha sonora. E não posso deixar de citar que o elenco de apoio traz grandes atores da Coreia do Sul. Quem acompanha toda hora vai reconhecer algum famoso aparecendo aqui e ali.
ANÁLISE
Regras do Amor na Cidade Grande
Quando duas pessoas são rejeitadas por uma sociedade preconceituosa, se tornam grande amigos e lutam juntos para superar tudo
PRÓS
- Trama bem escrita e cheia das mais variadas emoções
- Personagens interessantes e cativantes
- Grande elenco, mesmo entre os coadjuvantes
CONTRAS
- A montagem dinâmica pode confundir parte do público? Talvez?
- Não saber se terá continuação