Quando vi o trailer de anúncio de Far Cry 6, mostrando um pouco da ambientação e seu enredo, confesso que não fiquei muito empolgado. No entanto, conforme novas informações foram divulgadas, fui me interessando mais e mais pelo título.
Produzido pela Ubisoft Toronto, o jogo se passa em Yara, uma ilha tropical que “vive no passado” numa ditadura liderada por Antón Castillo.
Esse é o “vilão excêntrico da vez que se destaca e chama a atenção dos jogadores”, pertencendo a uma série de personagens com o mesmo estilo que vem sendo trabalhada desde Far Cry 3.
A Ubisoft nos enviou o jogo recentemente para esta análise em versão para PC (na Ubisoft Connect). Mas ele também está disponível para Xbox Series X|S, Xbox One, PlayStation 5, PlayStation 4 e Epic Game Store no PC.
Provavelmente, não curti muito a primeira cidade urbana mostrada nos trailers. Mas acho que minha opinião mudou quando vi a ilha paradisíaca, o que me remeteu ao cenário do primeiro Far Cry, mas agora numa engine muito mais rebuscada.
O vilão Antón Castillo é interpretado pelo ator Giancarlo Esposito, conhecido por seus papéis em The Mandalorian e Breaking Bad. Já o filho do grande ditador é Diego, interpretado por Anthony Gonzales, do filme A Vida É Uma Festa.
Logo de início é possível escolher se Dani Rojas, o protagonista, será homem ou mulher. Trata-se de um ex-militar que deve reunir forças com outros grupos de resistência para libertar Yara das mãos de Antón.
Dani vai aos poucos conhecendo aliados como Clara Garcia, líder do grupo Libertad, e Juan Cortez, guerrilheiro e ex-espião da KGB. Esses dois tem pensamentos bem conflitantes sobre como deve seguir a operação revolucionária dentro do país, e cabe ao jogador decidir os caminhos a serem seguidos.
Diferente de Far Cry 5, Dani é um protagonista que possui falas. Ele, ou ela, chega a aparecer nas cutscenes (deixando de ser em primeira pessoa), rodando agora em tempo real e mostrando até mesmo as roupas escolhidas pelo jogador.
Dani aparece nas cutscenes, mas elas rodam em framerate bem baixo.
Yara foi dividida em zonas e cada uma delas possui um subordinado de Antón comandando. O jogador precisa retomar essas áreas, derrotando os líderes de cada uma delas. Isso é algo recorrente tanto nessa franquia como em Ghost Recon.
É preciso destacar que a atuação de Esposito nas cutscenes como Antón é um show à parte. Ele manda muito bem entregando um tirano bastante crível sem cair no caricato. Mesmo que às vezes o jogo dê uma forçada no humor ou na temática de revolução, a história se mantém interessante e com ótimos plot twists pelo caminho.
O jogo está localizado e possui dublagem, como é padrão nos Triplo A da Ubisoft. Recentemente, só Riders Republic ficou devendo vozes nacionais. Poxa, Ubi!
Far Cry 6 não chega a mudar muito do restante da franquia. No geral, ele traz muitas mecânicas dos jogos anteriores, altera ou melhora algumas e adiciona novidades.
Sendo um jogo de tiro em mundo aberto, existem muitas missões espalhadas pelo mapa para se concluir. Dani evolui conforme derrota inimigos, tendo acesso a um grande arsenal de armas e equipamentos, deixando o jogador bastante livre para escolher o que usar.
As torres realmente sumiram em Far Cry 5 e não retornaram dessa vez. Porém, o jogador precisa destruir bases e pontos de controle inimigos espalhados pelo mapa para avançar. Quando esses locais são conquistados, novos pontos de viagem rápida são habilitados.
Nas missões principais, Dani conhece os grupos aliados e fortalece mais e mais a Resistência. O que não falta pelo mapa são NPCs que dão dicas sobre a missão ativa.
A trilha sonora combina muito com a vibe do jogo. E você pode ouví-la oficialmente pelo canal da Ubisoft no YouTube!
Uma novidade deste jogo são os parças. Trata-se de companheiros animais que auxiliam durante as missões. Para apresentar essa mecânica, o jogo já inicia com o crocodilo Guapo, doido para morder inimigos. Mais tarde conhecemos outros animais como cachorros, galos, etc.
Como o jogo permite realizar missões através de stealth ou de tiroteio, existem animais que combinam com cada um desses estilos.
Existe uma boa variedade de armas como pistolas, fuzis de assalto, sniper, lança-chamas, lança-míssil. Dá para conseguir até mesmo algumas coisas mais viajadas e criativas como uma máquina que atira CDs.
Muitas armas podem ser modificadas completamente. Até mesmo sua munição pode ser trocada para vencer certos tipos de inimigos. Por exemplo, alguns com proteção extra só são derrubados com bala perfurante. E a troca entre armas é bastante prática, deixando os combates bem dinâmicos.
Sobre o equipamento, eles podem fornecer proteção extra ou algum tipo de melhora de desempenho como nadar ou escalar mais rápido. Está tudo muito bem espalhado pelo cenário.
Para realizar esse tipo de modificação é necessário ter os “ingredientes” certos. E se consegue eles através de loot em vários locais espalhados pelo mapa.
Existe um tipo de movimento especial que é possível fazer com alguns tipos de mochilas. Eles podem ser algum tipo de ataque devastador, ou um efeito que restaura a vida do jogador (incluindo algum aliado quando está no modo cooperativo). São chamados de supremos e, após serem usados, tem um tempo de cooldown até ficarem disponíveis novamente.
O modo cooperativo é uma adição interessante e pode tornar o jogo ainda mais divertido, no entanto, até o momento consegui apenas jogar a campanha em modo solo.
Há também um novo movimento de deslize que ajuda o jogador a ir de uma cobertura a outra. A distância é bem longa e pode ajudar a escapar de tiroteios rapidamente.
Pode dar “carrinho”. Não corre risco de cartão vermelho.
Pilotar carros continua estranho, principalmente por poder usar os dois direcionais mover a câmera. Seria bacana se o jogo entrasse em modo de terceira pessoa nesses momentos. E não parece algo difícil de acontecer futuramente, já que durante os supremos podemos ver o Dani na tela.
Antes de entrar numa base inimiga, é recomendável ir a um local alto e próximo para “marcar” os inimigos com o celular. Você consegue enxergá-los mesmo através das paredes, o que ajuda muito para quem joga no estilo stealth.
Ainda é possível caçar animais, mas o loot está mais simples. Além disso, o esfolamento está menos visível do que nos jogos anteriores. Talvez isso foi mudado para não chocar mais os mais sensíveis.
Far Cry já era muito bonito desde o 4. Aqui no 6, o padrão se mantém, porém, percebe-se que se trata de um jogo de transição de gerações, já que nos consoles mais poderosos não são gráficos tão impressionantes, mesmo que estejam usando o pacote de texturas HD (que pode ser baixado gratuitamente).
A versão de PC que testei não aparenta estar tão bem otimizada. Tenho um PC mediano e o jogo parece exigir mais da máquina do que deveria, já que o Far Cry 5 roda muito melhor e não tem tanta diferença gráfica.
As cutscenes, que estão em tempo real, tem uma queda brusca de framerate. No início achei que fosse coisa do meu PC. Mas depois, vi relatos na internet sobre isso acontecer em qualquer uma das versões.
Resolvi diminuir a qualidade do jogo no mínimo para saber como ficaria e achei interessante que nas menores resoluções ele aplica um efeito de blur e anti-serrilhado para não deixar tudo tão feio.
Vai aí uma dica para quem não tem PC parrudo: deixe o jogo em modo “sem bordas” pois funciona melhor do que no modo “tela cheia”.
Dentro dos acampamentos você pode ver seu personagem na câmera em terceira pessoa.
Existe uma boa variedade de terrenos e locais pelo mapa. A inspiração em Cuba é bem fácil de se notar pelas construções e, como eu disse antes, algumas praias lembram muito o primeiro Far Cry.
De qualquer forma, ainda existe uma certa sensação de reutilização de assets, algo bastante comum em jogos de mundo aberto.
Um padrão dos jogos desse tipo da Ubisoft é a imensa quantidade de missões secundárias ou “coisinhas espalhadas pelo mapa para completar”. Far Cry 6 sofre disso também, parecendo ter sido inflado só para aumentar o tempo de jogo de forma artificial.
Pode se tornar repetitivo ou não, dependendo do quanto você está imerso no jogo e de como você encara tudo o que é possível fazer durante a campanha.
Alguns jogos do tipo eu costumo jogar aos poucos, de forma que acabo não enjoando. Felizmente aqui não é obrigatório focar em missões secundárias para habilitar as principais, deixando na mão do jogador escolher quanto tempo ele quer que sua aventura dure.
Algum dia você imaginou que jogaria com uma mochila que mistura churrasqueira com extintor de incêndio?
Far Cry 6 não escapa de ter seus bugs. Já passei da fase de reclamar da existência deles, já que em jogo de mundo aberto eles muitas vezes são imprevisíveis. São tantos elementos e variáveis que torna impossível impedir que todos eles aconteçam. Ainda ssim, Far Cry 6 tem alguns bugs mais sérios que podem ser corrigidos com atualizações futuras.
O preço de Far Cry 6 ainda está bem salgado, com versões que variam entre R$ 249,90 e R$ 499,90. O meio mais barato de jogá-lo é através da assinatura do Ubisoft Plus, que está custando R$ 49,99 por mês.
Vale a pena dar uma olhada dessa forma antes de decidir adicioná-lo na sua biblioteca de jogos. Quem comprou no PlayStation 4 ou Xbox One pode fazer upgrade gratuito para PlayStation 5 ou Xbox Series X|S.
Os gráficos são bonitos. Se mantém na média da série e não exaltam tanto os poderes da nova geração de consoles.
A fórmula Far Cry criada no terceiro jogo principal vem sendo repetida desde então. Para o próximo jogo seria interessante uma mudança mais radical. Atualizar mecânicas, animações, armas, mudar a engine e mostrar um salto real de qualidade.
Falo sobre aquele mesmo salto que foi visto quando a Ubisoft trouxe Assassin’s Creed 3 ou Unity. Apesar de não terem sido os maiores sucessos de sua franquia, foram os que trouxeram novidades significativas e moldaram grandes títulos futuros como Black Flag e Origins.
Vale a pena?
Como não tem tantas novidades, pode ser que Far Cry 6 divida os fãs entre os que se contentam com as poucas inovações e os que gostariam de uma maior ousadia por parte da Ubisoft.
Não é como se o jogo fosse ruim por isso. Ele faz bem o que se propõe, tudo o que existe nele é o que já deu certo antes e é o que precisa estar num Triplo A para ser vendável.
Os iniciantes com certeza vão aproveitar um pouco mais, pois não vão ter a sensação de repetição do passado e vão experienciar um jogo longo e bem competente.
- A Ubisoft nos forneceu uma cópia digital do jogo para esta análise, testado no PC.
ANÁLISE
FarCry 6
Como não tem tantas novidades, pode ser que Far Cry 6 divida os fãs entre os que se contentam com as poucas inovações e os que gostariam de uma maior ousadia por parte da Ubisoft. Não é como se o jogo fosse ruim por isso. Ele faz bem o que se propõe, tudo o que existe nele é o que já deu certo antes e é o que precisa estar num Triplo A para ser vendável. Os iniciantes com certeza vão aproveitar um pouco mais, pois não vão ter a sensação de repetição do passado e vão experienciar um jogo longo e bem competente.
PRÓS
- Mecânicas familiares lapidadas com o passar da série.
CONTRAS
- O preço não está muito convidativo (por enquanto?)