Depois de mais de 1 ano rodando nos arcades, Tekken 7 finalmente chega às principais plataformas em sua versão completa. Todo o tempo de desenvolvimento serviu para balancear a experiência, e adicionar muito conteúdo ao game.
A história traz um desfecho para a saga da família Mishima (contando até com Akuma na trama), além de personagens novos, muitos modos de jogo. O game faz bonito em trazer novidades para o combate, e prova que ainda é possível renovar uma franquia consolidada.
A Saga Mishima em Tekken 7
Tekken 7 traz pela primeira vez um modo história (quase) cinematográfico, modelo consolidado pelo Mortal Kombat (2011), e que funciona muito bem no gênero.
Aprendemos de forma mais íntima a história de Heihachi Mishima, e como o ciclo de ódio da família surgiu, com juras de morte vindas de Kazumi Mishima, própria esposa de Heihachi.
O mais interessante é ver o quão bem conseguiram encaixar o Akuma, vindo do jogo Street Fighter, à esse universo. Ele está encarregado de matar Heihachi e Kazuya em nome de Kazumi, e possui seus motivos.
A história é situada logo após os eventos canônicos de Tekken 6, e é conduzida por um jornalista investigativo sem identidade, que narra a trama de forma onisciente, em cima de ilustrações estáticas na maior parte do tempo.
Tudo fica interessante mesmo nos momentos relevantes, e prestes a iniciar as lutas. Aí sim, assistimos a cutscenes que abordam apenas os trechos importantes da história, e nos joga direto no combate em determinados momentos.
Akuma está entre nós!
As transições entre o final da cutscene e o início da batalha são imediatos, fazendo a luta começar geralmente com um soco, um pontapé, um “quick time event”, e com a barra de vida já drenada. Mas tudo faz parte do teatro cinematográfico da história.
O comportamento dos oponentes nesse modo é único, e eles possuem habilidades especiais que os tornam mais desafiadoras, como chefões. Também é preciso derrotar os oponentes até 3 vezes em sequência, com cenas de transição entre um “round” e outro, que nos fazem sentir realmente no meio de um filme de luta.
E existem trechos em que temos que derrotar uma série de inimigos e soldados em sequência, sobrevivendo até o fim.
A história tem em torno de 2 a 3 horas de duração, e a maioria dela você vai apenas ouvir ou assistir. Apesar de lindo, esse modo é curto e possui poucas lutas para jogar se comparado ao que já estamos acostumados em histórias desse gênero.
O Kazuya criança está no Modo História
A trama principal também aborda apenas a família Mishima, e um único núcleo de personagens. Mas também existe o modo “história do personagem”. Onde todo o resto dos lutadores (bem como os principais) possui apenas uma sinopse, seguida por uma única luta e cena de desfecho do personagem.
Nada de vencer vários inimigos em série, e derrotar o chefe com cada um para ver um epílogo elaborado e profundo deles. Apesar de compreender a escolha do foco na trama principal, isso fez falta, já que Tekken sempre foi conhecido pelas suas aberturas e encerramentos envolventes após os chefes.
Divertido de jogar, lindo de se ver!
Tekken 7 veio com um sistema de combate totalmente novo e refinado que também justifica a sequência. Foram adicionadas à mecânica habilidades novas que podem de fato mudar o rumo da batalha.
Pela primeira vez em Tekken, os personagens possuem golpes especiais de verdade, com animação e tudo.
Chamados de “Rage Arts“. Esses golpes só podem ser usados se você estiver quase morrendo e tem coreografias de encher os olhos, lembrando os Ultra Combos do Street Fighter. Além de bonitos, eles tiram um bom dano, e podem virar seu jogo.
Os Rage Arts são muito caprichados. Um verdadeiro colírio!
E não só isso, quando a situação está tensa e os combatentes se batem ao mesmo tempo, tudo fica em slow motion e a câmera se aproxima, criando tensão e empolgação para ver quem saiu vitorioso.
Tudo isso torna as lutas mais íntimas e pessoais, e o game se torna não só divertido de se jogar, mas também de se assistir. Com grande foco no competitivo, isso é essencial para manter o público vidrado em todas as lutas.
A tal porrada de conteúdo
Junto com o modo história, Tekken 7 trás muuuuito conteúdo online e offline que nos instigam a continuar jogando.
Existem personagens totalmente novos na franquia, como a Lucky Chloe, e a
Brasileira Katarina. Temos o Modo Arcade, onde lutamos contra inimigos em sequência até vencer o chefe, mas sem introdução e encerramentos de personagem, como já dito.
Também podemos praticar, jogar no Modo Versus, e subir de ranking em Lutas por Tesouro. Esse último modo possui oponentes infinitos, que aumentam o desafio a cada luta, e nos concedem dinheiro e inúmeros itens de personalização a cada vitória.
É hora de customizar
O sistema de personalização é robusto. Podemos personalizar nossa ficha de jogador, emblema, frase, até mesmo moldura para a barra de vida. Cada personagem também possui inúmeros itens, roupas, acessórios, auras, efeitos de golpe, e ilustração para habilitarmos e deixar os personagens como preferirmos. E ainda podemos salvar vários visuais diferentes para cada um.
Alguns itens são compráveis, e outros somente desbloqueáveis conforme você sobe de ranking offline.
A customização dos personagens é tão vasta que dá para deixar os personagens ridículos. Mas não não vai fazer isso, né? …NÉ?
Apesar de grande variedade de acessórios e visuais, muitos deles podem ser usados por todos os personagens e se repetem, deixando todo mundo quase com as mesmas opções de personalização. (Mas relaxa! São muitas e a criatividade é sua!)
O game também conta com uma galeria onde podemos desbloquear e ver todos os clipes e artes de todos os jogos da série, além de vídeos promocionais que eram exclusivos do oriente! É uma explosão de nostalgia!
O jogo te incentiva a jogar para desbloquear todo o seu conteúdo, em vez de apostar em microtransações, e isso é lindo.
Desafiando o mundo… ou quase isso.
O modo online de Tekken 7 conta com lobbys, partidas amistosas, rankeadas, e também um Modo de Torneio bem interessante para quem gosta de mais adrenalina, e quer ser mais competitivo.
A conexão experimentada contra os jogadores foi boa e funcionou muito bem, quase sem latência nenhuma. É como se alguém estivesse jogando na sua casa, do seu lado, na mesma plataforma.
Lutando pelo mundo em busca do mais forte (pera, essa frase não é do Tekken…)
O problema, é que até o presente momento, os servidores de Tekken 7 estão instáveis em todas as plataformas. É muito raro encontrar uma partida com qualquer filtro, e muitas delas são canceladas assim que aceitamos o oponente encontrado.
Se a aposta de Tekken 7 é no competitivo, isso precisa ser resolvido o quanto antes.
As melhores lutas são pessoais!
Tekken 7 entrega tudo o que prometeu. Inovação na mecânica, história bonita, e muito conteúdo que será combustível para a vida ativa do game!
Uma franquia consagrada que ainda assim consegue se manter jovem e cheia de surpresas. A beleza gráfica é surreal, orquestrada pela Unreal Engine 4 onde pequenos detalhes dão mais charme ao game.
Cada personagem falar sua língua nativa é muito interessante, e não é a primeira vez que Tekken faz isso com seus lutadores. Faltou apenas uma integração mais bacana do Modo Arcade com a história paralela dos personagens para a experiência se tornar ainda mais completa.
Mesmo assim, o conteúdo é vasto e Tekken 7 é digno de carregar o nome da franquia, além de fechar um ciclo na trama, e deixar outro em aberto para uma possível continuação.
- A Bandai Namco nos forneceu uma cópia para PC de Tekken 7 para essa análise.
