JUST DANCE 2023, da Ubisoft, chegou para Nintendo Switch, PlayStation 5 e Xbox Series X|S com várias novidades, reformulações e 40 novas músicas! Trata-se do 14º jogo de dança (da linha principal) que certamente continuará animando muitas festas e encontros de amigos.
Antes de mais nada, preciso contar um caso pessoal aqui. Assim que recebi da Ubisoft uma cópia do jogo para Switch, peguei (pela primeira vez) covid e fiquei de cama por vários dias. Assim, não tive condições de jogar, mas finalmente melhorei e pude testar tudo!
Realmente Just Dance deu adeus à geração passada, focando todas as suas mudanças nos consoles atuais. O antigo e já batido menu branco de seleção de músicas foi substituído por um novo na cor azul com funcionalidades que lembram muito um serviço de streaming. A referência é tão clara que ouvi muitas dizendo a mesma coisa.
E a inspiração não para por aí. A Ubisoft quis ainda mais aproximar Just Dance de um serviço de streaming. Sua venda digital continua como sempre foi, porém, a versão física trata-se apenas da caixa do jogo contendo um papel com um código para download. Assim, independente da escolha de compra do jogador, ele apenas terá a versão digital.

Inicialmente, Just Dance 2023 é baixado rapidamente, pois trata-se apenas dos menus. Todas as músicas dessa edição são acessadas via streaming (como um serviço de streaming) e funcionam muito bem. Mas não se assuste! Pois dentro do jogo há uma opção para fazer o download de todo o conteúdo, tornando o jogo acessível sem a necessidade da internet.
Ocupar pouco espaço na armazenamento do console até pode ser uma boa, mas há um porém. Imagine que você está sem espaço no console, num local sem internet e comprou a versão física. Você não poderá jogar como fazia nas versões anteriores, onde o jogo estava na mídia ou no cartão de Switch.
Outro fato a ser ressaltado é que sua pontuação só fica salva quando você está online e conectado no servidor da Ubisoft. Certo dia, quando o servidor estava em manutenção, meus pontos não foram gravados e não consegui desbloquear nenhum conteúdo com eles. Dessa forma, dá para concluir que se trata de um produto voltado totalmente para o on-line, embora exista alguns quebra galhos offline.
Até a edição anterior havia o serviço Just Dance Unlimited, com uma vasta coleção de músicas dos Just Dance anteriores para jogar por streaming, possuindo vários planos de assinatura. A partir de agora, há o novo serviço Just Dance + (plus) que segue a mesma ideia, porém, com a promessa de inclusão de novos conteúdos exclusivos para os próximos meses.
Enquanto o Unlimited possuía 700 músicas, o Plus tem apenas 150 até o momento. Ficará nas costas desse novo conteúdo exclusivo de tornar o serviço atraente, embora não exista muita informação sobre o que vem por aí. Acredito que a diminuição no número de músicas seja relacionado ao licenciamento delas, já que um novo tipo de contrato pode ter sido criado. Isso me faz pensar se o catálogo será rotativo, como acontece em serviços de streaming. Será que teremos pacotes separados de músicas para assinar? Novos avatares? Só o futuro dirá…
Continuando a falar sobre on-line, o modo Dance Floor foi substituído. Agora é possível jogar com outras pessoas online que você tenha adicionado como amigo. Basta criar uma sala de anfitrião ou acessar uma já criada (máximo de seis pessoas). No entanto, não é possível jogar com desconhecidos. Como eu não tenho amigos que jogam Just Dance, não consegui testar esse modo ainda.
O multiplayer local continua funcionando e está bem fácil de conectar controles. Eu só não descobri como desconectar um Joycon sem precisar reiniciar o jogo.

Falando em Joycon, ele é o único controle padrão que pode ser usado em JD 2023. No PlayStation 5 e Xbox Series X|S é preciso baixar o novo app Just Dance Controller para jogar (no Switch é opcional) usando o celular como controle (iOS ou Android).
Entre os fãs há uma grande comoção sobre não ser mais possível usar Kinect ou PlayStation Move. Porém, é preciso lembrar que o jogo só lançou para a geração atual e esses controles são de Xbox One e PlayStation 4. Provavelmente, a reformulação total do jogo teve um preço e esse preço foi não sair para consoles antigos.
A reclamação do uso de um celular para jogar é bem grande. Por mais que a série tenha surgido no Nintendo Wii e sempre tenha usado Wiimote (posteriormente, o Joycon) para controlar, há um pequeno grupo que se tornou fã de Just Dance usando o Kinect do Xbox (digo pequeno pois os jogos sempre venderam absurdamente mais nos consoles da Nintendo). Então, essa galera acaba não admitindo ter que segurar algo para jogar, pois julgam o Kinect mais justo ao rastrear o movimento de todo o corpo.
Na verdade, cada controle tem seus pontos fortes e fracos. Controles de mão podem falhar na detecção de movimentos tanto quanto o Kinect. Nas minhas experiências passadas, jogando no Xbox One, notei alguns movimentos meus não serem registrados. E também reparei que o Kinect se embaralha com certa facilidade quando a coreografia pede que os jogadores se enfileirem e depois voltem para suas posições originais. Já os Wiimote/Joycon/Celular não fazem essa confusão.

Quem prefere o Kinect diz que não tem graça só mexer um braço para fazer pontos. Nesse caso, eu já acho que a pessoa está querendo sabotar a própria diversão. Quem iria querer jogar apenas mexendo o braço? O que devemos fazer é ver o lado bom: os controles de mão tornam o jogo acessível também a pessoas com mobilidade reduzida.
Agora vamos para as músicas! Entre os fãs, talvez o repertório de JD 2022 não tenha agradado tanto. Em 2023 a Ubisoft foi bem longe, variando entre sucessos mundiais, algumas músicas mais “alternativas”, outras vindas de animações e os famosos kpops.
Não faltou Justin Timberlake com “Can’t Stop the Feeling”, “Numb” de Linkin Park, “Toxic” de Britney Spears e “Telephone” de Lady Gaga Ft. Beyoncé. Dessa vez o Kpop foi representado pela badalada “Dynamite” do BTS, “Psycho” do Red Velvet, “Wannabe” do ITZY, entre outras.
Entra ano, sai ano e eu continuo com a opinião de que a Ubisoft deveria lançar um jogo focado em Kpop (como ela fez anos atrás com Hip-Hop). Afinal, este é um gênero que tem ganhado cada vez mais destaque no mundo e é extremamente focado em coreografia.
O atraso em trazer atualidades para o Just Dance continua alto. Pegando como exemplo “Wannabe” que foi um grande sucesso do ITZY no começo de 2020. Ele poderia ter vindo no Just Dance 2021 (lançado no final de 2020), no entanto, só veio aparecer agora na edição de 2023, quase três anos após seu lançamento.

O mercado de Kpop é muito veloz e rotativo. A playlist dos kpoppers se atualiza a cada 6 meses por conta do grande volume de novidades que sai todo mês. Por isso, trazer uma música para o Just Dance com muito tempo de atraso não parece tão atrativo quanto poderia ser. Enquanto isso, as músicas ocidentais sempre são bem mais recentes. Se algum conglomerado de entretenimento coreano resolver lançar um jogo nos moldes de Just Dance focado em Kpop, a disputa ficaria bem acirrada.
Confira a lista de músicas disponíveis:
- “If You Wanna Party” de The Just Dancers
- “Anything I Do” de CLiQ Ft. Ms. Banks, Alika
- “As It Was” de Harry Styles
- “Boy With Luv” deBTS Ft. Halsey
- “Bring Me To Life” de Evanescence
- “CAN’T STOP THE FEELING!” de Justin Timberlake
- “Danger! High Voltage” de Electric Six
- “Disco Inferno” deThe Trammps
- “drivers license” de Olivia Rodrigo
- “Dynamite” de BTS
- “Good Ones” de Charli XCX
- “Heat Waves” de Glass Animals
- “I Knew You Were Trouble” deTaylor Swift
- “Locked Out of Heaven” de Bruno Mars
- “Love Me Land” de Zara Larsson
- “Magic” de Kylie Minogue
- “Majesty” de Apashe ft. Wasiu
- “Million Dollar Baby” de Ava Max
- “MORE” de K/DA Ft. Madison Beer, (G)I-DLE, Lexie Liu, Jaira Burns & Seraphine
- “Numb” de Linkin Park
- “Physical” de Dua Lipa
- “Psycho” de Red Velvet
- “Radioactive” de Imagine Dragons
- “Rather Be” de Clean Bandit Ft. Jess Glynne
- “Sissy That Walk” de RuPaul
- “STAY” de The Kid LAROI & Justin Bieber
- “Sweet but Psycho” de Ava Max
- “Telephone” de Lady Gaga Ft. Beyoncé
- “Therefore I Am” de Billie Eilish
- “Top Of The World” de Shawn Mendes, from Sony’s “Lyle, Lyle, Crocodile”
- “Toxic” de Britney Spears
- “Walking On Sunshine” de Top Culture
- “WANNABE” de ITZY
- “Watch Out for This (Bumaye)” de Major Lazer, The Flexican, FS Green & Busy Signal
- “We Don’t Talk About Bruno” do elenco de Encanto
- “Playground” de Bea Miller
- “Witch” de Apashe Ft. Alina Pash
- “Woman” de Doja Cat
- “Wouldn’t It Be Nice” deThe Sunlight Shakers
- “Zooby Doo” de Tigermonkey
O estilo de gameplay não mudou. Basta repetir os movimentos do coach ou observar os pictogramas no canto da tela que antecipam os próximos passos. O modo sweat foi removido e você não pode mais saber quantas calorias perdeu por música. Para compensar, há uma playlist focada em músicas que exercitam bastante o corpo.
As coreografias estão bem elaboradas, tanto nas danças normais como nas extreme (difíceis). O número de “pegadinhas” parece ter diminuído em relação aos anos anteriores. Estou me referindo a alguns movimentos que aparentavam ser para um lado do corpo e acabam sendo para outro. É como se a coreografia tentasse sair de uma lógica mais simples para fazer algo mais elaborado ou difícil de decorar.
A grande tendência dessa edição foram os passos onde o jogador precisa girar em torno de si mesmo rapidamente. Muitas músicas usam esse passo e confesso que fiquei atordoado algumas vezes (pode ser culpa da minha idade avançada).

A organização das músicas no menu ficou bem melhor. Existem várias opções para classificá-las e ordená-las, algo que há várias edições já era pedido pelos jogadores.
No jogo anterior havia uma poluição muito grande. A listagem padrão era por relevância e músicas mais jogadas pela comunidade (o que dificultava achar o que se procurava). Qualquer outra classificação misturava as músicas do jogo com as do JD Unlimited, claramente forçando o jogador a ver que ele não tinha acesso a um grande conteúdo caso não fosse assinante do serviço. Imagina pedir para organizar em ordem alfabética e ficar vendo 700 músicas intercaladas com as apenas 40 que você tinha disponíveis.
Em JD 2023 isso foi resolvido e tudo referente ao JD+ aparece abaixo do conteúdo principal. Fora isso, quando você para o cursor em cima de uma música, não surge mais um pop-up que tampa a visão da linha de baixo, tornando mais fácil achar o que você procura.
Uma grande novidade dessa edição é o Modo História (Enter the Danceverses) que é uma série de sete músicas jogadas na sequência, que conta uma aventura vivida por alguns coachs e uma garota da vida real levada para o universo do Just Dance. Eles enfrentam um tipo de imperatriz do mal e todos comemoram a vitória na última música, exclusiva do jogo. No meio do caminho é possível escolher se quer continuar jogando com os coachs heróis ou ir para o lado da vilã.
A vibe lembra um pouco as fases finais do jogo Elite Beat Agents e é um modo bem curto. Gostaria que houvesse uma música onde os coachs perdessem para a vilã, na próxima recobrassem a confiança, e então viesse uma última música com uma épica “batalha final”. Seria mais emocionante! Fica aí a dica para a Ubisoft usar nos próximos anos.

Por fazerem parte do Modo História, algumas músicas possuem uma introdução ou encerramento mais longos, contando o que acontece com os coachs protagonistas.
Faz sentido esses trechos aparecerem quando o jogador joga a história. Porém, isso também aparece quando se escolhe uma dessas músicas no modo avulso. A mais demorada é a “Can’t Stop the Feeling”. Ela tem mais de 30 segundos de abertura e não dá para cortar. Nas edições anteriores algumas músicas começaram a ter uma pequena introdução, o que foi bem visto pelos fãs. Porém, agora acho que passaram um pouco do ponto. Tomara que saia um update que permita pular essas intros.
A máquina de gatcha que liberava vários itens no jogo não existe mais. Agora o jogador desbloqueia tudo acumulando pontos de experiência enquanto joga. O item desbloqueado aparece ao final de cada música e dessa vez há muito mais coisa para abrir.
O avatar do jogador não é mais um ícone tipo foto 3×4, ele foi trocado por uma imagem grande de algum coach. Além de selecionar um, o jogador pode configurar o fundo do avatar, sua moldura, o codinome e enfeitar com medalhas que são desbloqueadas após realizar alguns objetivos. Há também figurinhas, efeitos de pontuação e até mesmo animações para a tela de vitória. Tudo isso para ser desbloqueado jogando, então, prepare-se pra dedicar muitas horas em todas as músicas!

O preço sugerido é de R$ 299,90 na versão padrão (com 1 mês de Just Dance+ incluso), R$329,90 na versão Deluxe (que inclui 4 meses de Just Dance+) e a versão Ultimate por R$ 404,90 (com 13 meses de Just Dance+). Vale a pena para quem for grande fã da série. Mesmo o modelo mais barato permite experimentar o JD+ e assim o jogador pode decidir se continuará com o serviço.
Para mais informações sobre Just Dance 2023 e o aplicativo Just Dance Controller, clique aqui.
- Esse review foi feito com uma cópia para Nintendo Switch enviada pela Ubisoft (versão testada 1.0.3).
ANÁLISE
Just Dance 2023
Exclusivo da atual geração de consoles, Just Dance 2023 chegou renovando tudo! Modos de jogo, playlist, interação on-line, serviço de streaming. Uma nova era está começando!
PRÓS
- Novo menu mais organizado e fácil de navegar
- Novo estilo de avatar
- Lista de músicas bem variada
- Muita coisa para desbloquear jogando
- Promessa de novos conteúdos gratuitos futuramente
CONTRAS
- Não existe em versão física
- Pode-se baixar as músicas para jogar offline, porém, jogar assim não rende pontos
- O serviço Just Dance + tem um catálogo muito menor do que o JD Unlimited
- Muitos fãs da jogabilidade com Kinect queriam o jogo na geração passada