Infernax chegou para infernizar os jogadores que gostam de um bom desafio numa experiência retrô. Trata-se de um jogo produzido pela Berzerk Studio, publicado pela The Arcade Crew, com fortes inspirações em Zelda II e em Castlevania (além de outros jogos também).
Está disponível para PC, Nintendo Switch, Xbox Series X/S, PlayStation 4, Xbox One e Game Pass com localização para português brasileiro.
Sinopse:
Sua companhia nesta jornada será o galante Alcedor, um lendário cavaleiro que descobre sua terra natal tomada por uma profana maldição e jura vingança na base dos punhos. Armado com uma pesada maça capaz de esmagar crânios e com o mais confiável dos escudos, o guerreiro busca obliterar as bestas grotescas que vagam por sua terra em uma épica jornada.
Este é um jogo de ação com progressão lateral em 2D que se inspira nos gráficos do NES 8-bits, porém, vai um pouco além do que esse console podia produzir. Ele possui mais cores do que o limite do NES, efeitos de parallax ao fundo, partículas de pixels quando jorra sangue (ou outros líquidos) dos inimigos e principalmente, existem adversários com sprites enormes que visívelmente não poderiam aparecer no console sem algum tipo de truque.

Mas isso não é problema, afinal o jogo está apenas se inspirando e tira vantagem de não estar preso nessas limitações. Já o som está bem mais próximo ao que ouvimos no NES. É uma trilha que funciona de acordo com a área em que o jogador está. Algumas até faixas grudam na cabeça de tão boas. É o mais puro suco do chiptune.
Este jogo não tem somente o estilo metroidvania, pois ele não é composto por apenas um gigantesco mapa. Assim como em Wonder Boy/Monster World, o jogador pode entrar em portas ao fundo que abrem outros mapas. Geralmente trata-se de um castelo, casas, uma das dungeons a serem exploradas, etc.

A estética é 8-bits, mas existem influências de jogos atuais. Além da missão principal, o jogador pode realizar missões secundárias solicitadas por pessoas em vilas, igrejas, acampamentos e ao redor do castelo. Todas ficam listadas no menu de pausa para facilitar para o jogador. Algo interessante é que nem todas podem ser realizadas.
Chega um momento onde você deve optar por realizar uma missão ou outra. Concluindo uma, surge um aviso dizendo que a outra falhou.
E não é somente nesse aspecto que o jogo deixa o jogador decidir a narrativa. Em certos momentos acontecem testes de moralidade que afetam o que virá a seguir. Por exemplo, logo no início um aldeão amaldiçoado pede para ser morto. Se você não o matar, a maldição o transforma num monstro enorme e difícil de vencer.

Falando em dificuldade, Infernax capricha muito nesse quesito. Tudo foi pensado para ser bastante hardcore e um simples inimigo pode causar bastante dano, forçando o jogador a voltar ao último Ponto de Save.
Logo de início pode-se escolher entre dois tipos de dificuldade. No “Clássico” inimigos e perigos causam mais dano e ao morrer, o jogador perde todos os pontos de experiência e dinheiro coletados. No modo “Casual” a dificuldade diminui um pouco, ainda que mantenha boa parte do desafio, e metade da experiência e dinheiro é mantida.
Após qualquer morte o jogador pode mudar para a dificuldade “Casual”, mas ao fazer isso, ele não pode mais voltar ao modo “Clássico”.

Hoje em dia virou “crime” dizer que jogos difíceis tenham alguma inspiração na série Souls. Vejo influencers sempre tentando fugir disso, como se fosse algo vergonhoso de admitir. Se parar para pensar, o que não falta até hoje são jogos inspirados em Street Fighter, GTA, God of War Clássico, Minecraft, CoD.
Então, não deveria ser tão tabu assim dizer que a série Souls também influência jogos há mais de uma década.
E com Infernax não poderia ser diferente. A influência da série Souls existe não só pela dificuldade como por algumas mecânicas, mesmo que você não precise “correr até quem te matou para recuperar o que perdeu”.
Cada inimigo no jogo tem uma forma para se movimentar e atacar. É preciso ficar bem atento sobre como lutar para evitar ao máximo levar danos. Principalmente em dungeons, pois os Pontos de Save ficam somente do lado de fora.

Alcedor usa uma maça para lutar e é perceptível o peso da arma, pois o ataque demora para acontecer após apertar o botão. Isso faz com que o jogador tenha que calcular bem o tempo, ainda mais se for durante um pulo para acertar um pequeno inimigo voador.
Seu escudo funciona automaticamente, se Alcedor não estiver atacando, ele repele flechas. Mas é importante atenção do jogador para não tirar Alcedor dessa “postura de defesa”.
Diferente dos Castlevanias clássicos, o pulo para frente ou para trás de Alcedor tem alcance fixo. Isso significa que você pode controlar o quanto quer que o pulo avance, facilitando em momentos de plataformas sequenciais.
Ainda assim, é preciso acostumar com esse controle, pois esses pulos com deslocamento não geram impulso, se soltar o direcional o Alcedor para de seguir cai reto.

Existem também magias que vão sendo aprendidas aos poucos. Algumas são defensivas por tempo limitado, outras recuperam vidas ou servem para causar dano em vários inimigos simultâneamente. Todas custam pontos de mana que são preenchidos com itens ou nos Pontos de Save.
Em todos os lugares, mas principalmente em dungeons, existem obstáculos de 1 hit kill. O que pode ser bastante frustrante. Lanças que saem do teto, flechas das paredes, buracos. Tudo muito bem localizado para te fazer errar. Eles ficam sempre ativos.
Imagina que triste você resolver tudo numa dungeon, derrotar o chefe, coletar os itens, mas na volta, a duas telas de sair do local, bate numa armadilha que te joga na lava e você precisa refazer tudo novamente… É triste.
Existem itens de cura, no entanto, eles são limitados, por isso, é mais fácil restaurar a vida nos Pontos de Save. São locais onde Alcedor senta para rezar, salvar o progresso, usar pontos de experiência para comprar habilidades (Força, Vida e Mana). Não é uma fogueira, mas é uma estátua religiosa abarrotada de velas em volta. Entendedores entenderão.

Fora das dungeons existe a passagem do dia para a noite, com uma rápida animação de transição. Isso modifica os tipos de inimigos encontrados, sendo bem mais difíceis no período noturno. Certas missões só podem ser realizadas em um ou outro desses períodos.

Referências a outros jogos não poderiam faltar. Em certa fase, eu subi tão alto numa parede que consegui andar por cima de todo o cenário até cair numa sala com três itens. Poderiam ser três canos que me levariam como um warpzone, mas quase foi.
Se você tem mania de bater em paredes para achar locais secretos, pode acabar achando um peru assado (mas cuidado, é um peru assado que estava preso na parede!). Ou você pode resolver ficar parado num canto do cenário agachado esperando um furacão passar.

A referência está lá, mas a pegadinha pode estar também…
Vale a pena?
A evolução de Alcedor não é tão rápida. Assim, o jogador precisa agir com cautela por bastante tempo até que comece a se sentir realmente forte. Existe muita coisa para se explorar, dungeons com itens importantes para adquirir, e decisões complexas para se tomar. Quem é fã de jogos retrô mais difíceis com certeza vai se deliciar com Infernax. Mas quem se importa muito com gráficos super realistas e atuais, talvez não curta muito, mesmo que ainda seja indicado, caso o jogador queira testar suas habilidades.
Lembrando que, como Infernax possui muita violência explícita (e seu próprio disclaimer diz “linguagem insolente”), sua classificação indicativa é de 16 anos.
- A The Arcade Crew nos forneceu uma cópia do jogo para esta análise. Testado num PS4 Pro
ANÁLISE
Infernax
"Infernax" traz um desafio bem hardcore para quem curte dificuldade e um estilo de jogabilidade retrô. Mesmo com inspirações claras, ele consegue ser bastante original.
PRÓS
- Desafio de combate bem afiado
- Chiptune chiclete
- Tradução aumenta a imersão
CONTRAS
- Armadilhas de 1hit kill tiram qualquer um do sério