Em 2019, o jogo Remnant: From the Ashes, da Gunfire Games, chegou como quem não queria nada e pegou todos de surpresa. Ele mesclou vários estilos e nos trouxe um jogo de tiro em terceira pessoa cooperativo, construído com cenários procedurais e cheio de influências de Dark Souls.
Sua jogabilidade funcional, fluida e divertida surpreendeu os jogadores e a mídia especializada, se tornando um dos grandes destaques do ano. Agora em 2020, a Gunfire Games nos presenteou com Chronos: Before the Ashes, que se trata de um prequel de Remant, e nos conta eventos passados.
Chronos é um RPG de ação bastante imersivo, com foco ainda maior nas mecânicas de souslike. No entanto, ele tem várias opções que o tornam mais amigável ao público geral e serve aos que querem aprender a jogar esse tipo de jogo como um passo inicial.
Na verdade, Chronos já existia em versão VR lançada para Oculus Rift em 2016. Porém, agora foi remodelado, trazendo uma experiência mais “clássica” e em terceira pessoa.
A Gunfire Games o lançou agora para PlayStation 4, Xbox One. PC Steam e Nintendo Switch. Ele pode rodar via retrocompatibilidade no PlayStation 5 e Xbox Series X|S.
Logo de cara, dá para escolher o gênero do personagem e, aparentemente, a diferença é apenas estética. Também é possível escolher a dificuldade. Na mais fácil, os inimigos demoram mais para realizar ações e seus golpes tiram menos pontos de vida. Já na dificuldade mais alta, tudo fica mortalmente mais complicado, porém, é o modo indicado para os veteranos nos souslikes e buscam um pouco mais de desafio.
A história do jogo é ao mesmo tempo simples e confusa. Ficamos sabendo que toda a cidade foi destruída por um dragão, mas ele foi aprisionado e está se libertando aos poucos. O personagem principal precisa então, atravessar um portal para encarar desafios e destruir esse poderoso inimigo. Quando esse portal é utilizado uma vez, ele só volta a funcionar depois de um ano.
O diferencial mais marcante de Chronos é sua mecânica de envelhecimento, que adiciona uma profundidade maior à jogabilidade. Nosso herói começa a aventura com 18 anos e, a cada vez que ele morre, é mandado de volta para sua realidade.
Como o portal só volta a funcionar 1 ano depois, ele deve aguardar esse tempo. Assim, a cada nova tentativa do jogador, o personagem aparece 1 ano mais velho. Conforme os anos vão passando, os efeitos da idade causam modificações em seus atributos.
Nas idades redondas (20, 30, 40…) deve-se escolher se o herói vai receber mais força ou sabedoria (o que afeta seus poderes mágicos). Ao mesmo tempo, comprar habilidades fica mais caro conforme a idade avança. Chega um certo momento que não é possível mais comprar pontos de agilidade.
O jogo dá Game Over se o herói passar dos 80 anos. Porém, não cheguei nesse ponto para ver como isso acontece.
Existe uma mapa principal que serve como hub para outras dimensões e elas são acessadas através de cristais. Neste mapa, as portas também vão abrindo aos poucos, conforme objetivos nas dimensões são concluídos.
Salas com cristais vermelhos servem para salvar o progresso. E elas aparecem bastante em todos os mapas. De certa forma, o jogo acaba lembrando um metroidvania em 3D, nesse sentido.
Alguns puzzles simples também são encontrados. Ao contrário dos inimigos que sempre voltam à vida, esses puzzles só precisam ser resolvidos uma vez.
Uma das salas com cristais de save ( o salvamento é automático)
A configuração dos botões é a mesma de outros soulslikes. Com os ataques e a defesa nos botões de ombro, o direcional utiliza itens e os botões da direita servem para interagir, esquivar, pular, etc.
O jogo possui uma boa variedade de armas que se encontra pelos mapas. Há um item de cura que só pode ser usado uma vez a cada vida, e por isso, é preciso pensar bem em qual hora utilizá-lo.
Isso poderia dificultar muito, no entanto, sempre que se sobe de nível, a vida se recupera novamente, sendo um recurso extra para manter o herói com vida.
Isso vai te salvar a vida muitas vezes!
Os gráficos são cartunescos, o que pode dar a impressão de que são simples. Porém, a direção de arte é muito bonita, lembrando um pouco Zelda BOTW. Essa “simplicidade” ajudou o jogo a ser portado para o Nintendo Switch, mantendo boa parte de sua beleza, porém, rodando com mais serrilhados em relação a outras versões.
A ambientação sonora é bastante convincente. Através dela, você sente melhor os momentos de tensão, de ação, de mistério… Gosto bastante dos sons das armas batendo nos inimigos e os sons que eles fazem.
Os gráficos não são tão simples quanto aparentam. Há uma boa variação de ambientes.
Falando em inimigos, existe uma boa variação deles. Cada um tem um tipo de estilo de combate e de movimentação. Alguns mais fracos vão diretamente até você e atacam sem parar, sendo previsíveis e fáceis de derrotar. Outros analisam mais ou então atiram de longe. É preciso saber se posicionar bem para não tomar dano à toa.
A técnica de fugir pelas salas para enfileirar os inimigos também é muito válida. Mas o melhor a fazer é decorar os padrões de cada um, aprendendo a esquivar, defletir e atacar na certa. Os chefes tem variados tamanhos e formas de atacar, sendo bem criativos e, obviamente, desafiadores.
Este é um jogo relativamente curto (ocupando pouco espaço na memória dos consoles) e, dependendo da habilidade do jogador, pode durar entre 6 e 8 horas. Talvez por isso, ele tenha um preço bem bacana no Steam ou na loja do Xbox. Infelizmente, não dá para dizer o mesmo da PS Store.
Chronos foi legendado em português do Brasil, facilitando o entendimento dos diálogos. Ainda assim, a história é um pouco confusa em alguns momentos. O bacana é que elementos gráficos e cartas também estão traduzidos, mostrando um empenho a mais por parte dos produtores.
A carta está traduzida e você pode ler diretamente nela!
Chronos: Before the Ashes pode ser considerado um soulslike para iniciantes. Em todo caso, ele traz também elementos novos e criativos que poderão agradar os veteranos desse tipo de jogo.
Sua jogabilidade é boa e os mapas instigam a exploração. Os frames de invencibilidade da esquiva e as caixas de colisão foram bem programados. Assim, você não morre injustamente, apenas se cometer erros.
Além dos pontos de atributos que melhoram a cada nível, magias são desbloqueadas aos poucos, sempre renovando os esquemas de combate e não deixando cair na repetição.
NOTA: 8/10 (por enquanto)
O melhor: Pode ser fácil ou difícil, fica a gosto do cliente.
O pior: Poderia ser um pouco mais longo.
Ele vai fazer: Muita gente comprar o Remnant pare entender o restante da história.
- A Guinfire Games nos enviou uma cópia digital para este review. Testado no PS4 PRO