Após um ano de descanso dos videogames, a franquia Assassin’s Creed retorna em um novo jogo que volta no tempo e nos conta o início da guerra entre assassinos e templários, ambientado no Egito antigo. Este é Assassin’s Creed Origins.
Com dois anos de desenvolvimento, ele trouxe grandes mudanças tanto em suas mecânicas como nos gráficos que chegaram a um novo nível em todas as plataformas ao qual foi lançado.
Combatendo
Embora mantenha muitos elementos da franquia Assassin’s Creed, Origins tem uma grande influência de jogos de RPG de ação atuais (The Witcher 3, Dark Souls). A começar pelo combate que não é mais estilo “Batman Arkham“, então, não basta mais só ir atacando e fazendo contra-ataques na hora certa para vencer hordas de inimigos, saindo ileso.
Agora as lutas estão um pouco mais complexas, levando em consideração esquivas, bloqueios, ataques rápidos (para acertar quando o inimigo baixa a guarda) ou ataques fortes (que quebram a defesa do inimigo).
Para se sair melhor nos combates é recomendável fixar a mira em apenas um inimigo para poder atacar, defender e contra-atacar no momento certo. Assim, quando vários inimigos surgem na tela, você deve procurar uma forma de escapar para encontrar uma posição onde possa enfrentar um de cada vez.
Isso condiz muito com a temática do personagem principal que é um assassino expert em ataques furtivos e não exatamente em combates direitos. Assim, tirar o modo “mestre do contra-ataque” fez bem e fez sentido para o jogo.
Sinopse
Em Origins temos Bayek como personagem principal, o último dos Medjai (um ordem meio policial e militar do antigo Egito). Ao lado de sua esposa, Aya, ele busca vingança pela morte de seu filho causada pela Ordem dos Anciões. Além disso, os dois também estão ligados à criação da Irmandade de Assassinos no Egito e estão auxiliando Cleópatra a voltar ao poder, após ter sido exilada pelo tirano Ptolemeu XIII.
Quem visita nos dias atuais essas antigas histórias de Bayek é Layla Hassan, uma funcionária da Abstergo que está em busca de descobrir algo interessante para conseguir uma promoção dentro da empresa.
Embora ela traga algumas ligações legais com jogos passados e toda a sua lore (incluindo o filme), o gameplay com Layla é curto, servindo apenas para alegrar quem gosta das histórias nos dias atuais de Assassin’s Creed. O foco é quase total em Bayek e algumas pequenas missões com Aya.
Level Up
Uma das maiores mudanças no jogo são os de pontos de experiência e níveis que Bayek conquista ao executar missões, cumprir objetivos e matar inimigos. Quanto maior o nível, maior o dano causado pelos ataques, maior a vida e resistência do personagem, como nos jogos de RPG. Com o avanço do jogo, os inimigos vão ficando mais difíceis, sendo necessário que o jogador evolua Bayek para poder prosseguir.
Por conta disso, agora, todas as missões tem “níveis recomendados” para serem jogadas. Embora ter um nível mais baixo não impeça o jogador de tentar qualquer missão, isso acaba forçando-o a fazer as secundárias para prosseguir na história.
Assim, as missões secundárias acabam não sendo tão opcionais assim e isso lembra o primeiro Assassin’s Creed, em que era obrigatório realizar alguns objetivos antes de desbloquear o próximo alvo da lista a ser assassinado.
No entanto, as missões secundárias em Origins são interessantes e variadas. Talvez mais perto do final do game elas acabem ficando mais repetitivas, mas no geral não chegam a cansar e dão muitos pontos de experiência, facilitando a chegar em novos níveis rapidamente.
Mapas e meios de transporte
Outro fator que torna as missões bem variadas são os cenários. Esse é provavelmente o Assassin’s Creed com maior mapa já criado. E, por ser no Egito, não é apenas uma “repetição de dunas e pirâmides”, como já vi pessoas reclamando por aí (antes do jogo lançar).
Temos uma variedade de lugares, cidades grandes, vilarejos, pântanos, campos abertos, florestas baixas, fortes, bases inimigas, grandes centros de comércio, hipódromos. É realmente bem extenso e Bayek viaja muito.
São várias formas de se locomover no jogo além de a pé como canoas, pequenos barcos à vela e carroças. Os camelos ou cavalos podem ser comprados e com apenas um assobio conjuram do seu lado com uma velocidade astronômica (e até engraçada). Prefira os camelos por andarem melhor em terrenos diferenciados e no deserto.
Armas e caçada
Armas e equipamentos também funcionam como em jogos de RPG. Eles tem nível e classificação de raridade. Para incentivar o loot em inimigos e cenários, as melhores armas não podem ser compradas, assim o jogador tem mais objetivos do que apenas matar inimigos durante as missões ou quando está explorando o cenário.
Além de encontrar e comprar equipamentos, é possível melhorá-los em ferreiros. Com a caça de animais silvestres podemos recolher itens para a criação de novas roupas. Existem vários tipos de animais como leões, crocodilos, abutres e até mesmo hipopótamos (que são exímios nadadores).
Alguns desses itens coletados também servem para vender e fazer aquela grana que esteja faltando. A caça tem uma vibe bem FarCry muito bem vinda que acaba adicionando varidade ao gameplay.
Águia Dourada
Nos jogos passados, a Visão de Águia era um poder de ver e detectar inimigos no meio da multidão à distância que os antepassados de Desmond possuíam. Depois, outros assassinos também ganharam essa técnica.
Em Origin, a visão da águia é mais literal. Bayek tem Senu, uma águia que o guia, dá uma visão aérea dos lugares, marca inimigos, localiza itens e animais que podem ser caçados e auxilia na criação de estratégias de ataque.
Com o aperto de um botão, Senu é ativada e pode ser controlada do alto. Após utilizá-la, o jogo volta para Bayek, com os alvos marcados. Mas caso ela tenha ido muito longe, haverá uns segundos de loading, para recarregar o lugar onde Bayek está.
Subir em lugares altos para sincronizar não serve mais para localizar missões secundárias ou localidades. Sua nova utilidade é aumentar o alcance e visibilidade da Senu, então, sempre que ver uma torre, não deixe de escalá-la.
As batalhas navais, que ficaram famosas em Assassin’s Creed Black Flag estão presentes, embora não sejam tão frequentes. Mas continuam divertidas.
Gráficos? Baba yek, baba!
Graficamente, Origins é o jogo mais bonito de toda franquia. Não apenas pela variedade de cenários e texturas, ele também se mostra bonito em efeitos de luz, reflexo, passagem das horas em tempo real.
É muito impressionante ver os raios de sol passando entre galhos de uma árvore ou de algum objeto. Esse efeito fica ainda mais bonito quando estamos vendo debaixo d’água.
Aliás, agora é possível mergulhar profundamente em rios e lagos, eles foram completamente modelados e podemos ver algas, peixes, barcos afundados e também alguns inimigos marítimos. Isso facilitou na hora de assassinar inimigos em barcos, pois dá para passar por baixo das embarcações, desviando de flechas.
A atenção gráfica foi tanta que é possível perceber reflexo do cenário nos olhos dos personagens e até mesmo quando andamos pelo deserto, a poeira levantada se desloca na direção do vento, onde galhos de árvores ou bandeiras também se direcionam.
Acho que no quesito gráfico talvez apenas dois pontos desapontem um pouco. Os NPCs repetem muito os rostos ou cortes de cabelo, mas poderia ser mais variado. Outro ponto é a pele dos personagem que possui uma textura bem leve e borrada se comparada a qualquer outra textura do jogo. Às vezes parece que os personagem são feitos de massinha ou argila fosca. Falta um pouco de brilho ou algo mais nítido e realista.
Bugs
Assassin’s Creed Unity e Syndicate foram jogos que mancharam um pouco a imagem da franquia pelo lançamento prematuro e a presença de muitos bugs. Mas aqui em Origins os bugs são bem menos frequentes e não chegam a atrapalhar.
Enquanto eu jogava, apenas uma vez vi um NPC correndo na horizontal, como se tivesse afundado de lado no chão, enquanto rodopiava. Não foi nada sério e não passei por nenhum bug que me impedisse de passar as missões.
As músicas em Origins tem grande destaque. Seu arranjo torna momentos dramáticos muito mais épicos e empolgam. Por exemplo, quando entramos em combate ou em áreas pertencentes aos inimigos, a música sobe e tudo fica mais interessante. Isso também acontece em cutscenes ou quando estamos em grandes viagens ou perseguições.
Dublagem e missões extras
Alguns dias após o lançamento do jogo, foi disponibilizado por download a dublagem em português. Infelizmente nem todas as vozes combinam tão bem, a maioria são desconhecidas, com aquele sotaque estranho de “dublagem feita em Miami”.
Enquanto alguns personagens até ficam legais, outros destoam muito ou, no caso das crianças, são estridentes demais. Sabemos que dublagem de jogos são feitas às cegas, sem as cenas do jogo para acompanhar, mas poderia haver uma direção melhor ou instrução de como é a personalidade de cada personagem.
Embora o jogo esteja completo e com muito conteúdo para explorar, existem algumas missões sazonais que a Ubisoft libera aos poucos e ficam disponíveis por alguns dias. Elas também tem níveis recomendados e, caso o jogador não jogue nos dias determinados, ele perde a chance de conseguir itens raros e exclusivos.
Isso faz com que seja importante ter o jogo próximo ao lançamento para aproveitar enquanto essas missões mantém o jogo mais “ativo”.
Vale a pena jogar Assassin’s Creed Origins?
Após 2 anos de desenvolvimento temos um Assassin’s Creed muito mais lapidado, com novas mecânicas e um estilo voltado para o RPG. As novidades fazem dele um jogo muito interessante e que não foge da essência da franquia. Isso pode agradar velhos jogadores e atrair novos.
Seu mundo gigantesco incentiva a exploração e a missões secundárias não estão apenas para “encher linguiça” sendo uma experiência bem sólida e divertida.
Assim, posso garantir que vale muito a pena jogar Assassin’s Creed Origins e adentrar nesse mundo rico, vivo e completamente imersivo.
- A Ubisoft nos enviou o jogo para teste. Versão testada: PS4 no PS4 Pro