West of Dead é um roguelike indie da Upstream Arcade com visão superior, combate por armas de fogo e temática que mescla velho oeste com o sobrenatural casa muito bem com sua proposta de jogabilidade
No jogo temos William Mason, um pistoleiro “cabeça quente” que morreu e foi parar num purgatório com a forma de um bar macabro e labiríntico. Ele deve descobrir o motivo de ter ido para lá, mas a saída não será nada fácil.
Quem dá a voz ao protagonista é o ator Ron Perlman, trazendo bastante personalidade e carisma ao personagem. Aliás, o jogo possui ótimos diálogos.
Os gráficos são um tipo de cell-shading que imita páginas de quadrinhos. As cores são chapadas e não existe degradê, embora o jogo trabalhe bem a iluminação dos cenários. A ambientação em geral é muito boa, mesclando os gráficos a efeitos sonoros convincentes e uma ótima trilha sonora.
Como todo bom roguelike, West of Dead tem a construção de ambientes de forma procedural. Cada vez que você jogar uma fase, ela terá um formato diferente e os poucos elementos fixos estarão dispostos de formas aleatórias.
O jogador sempre irá encontrar aleatoriamente armas de fogo, podendo carregar duas ao mesmo tempo e tendo que abandonar uma delas para pegar uma nova.
Um tiro bem dado é recompensador!
Entre um corredor e outro, o jogador encontra salas onde os combates acontecem. Elas podem estar escuras e um dos primeiros objetivos é acender luzes. Fazendo isso, alguns inimigos acordam e se preparam para atirar. Por isso, fica por conta do jogador iluminar o lugar ou aproveitar para atirar primeiro no escuro.
Existem poucas chances para recuperar a vida, assim, é preciso ser cauteloso e se esconder atrás de objetos no cenário. Dessa forma, o jogador pode criar uma estratégia e atirar nos momentos certos (principalmente quando os inimigos estão recarregando).
Mas esses locais para se fazer cobertura são destruídos aos poucos pelos inimigos, forçando o jogador a estar sempre se movimentando pelo cenário. Existe um meio de desviar e chegar na mureta mais próxima, mas é preciso utilizar de maneira correta, para evitar danos.
Nem sempre vale a pena trocar uma das armas antigas pela nova
As armas têm balas infinitas, no entanto, existe um tipo de cooldown para serem recarregadas. O jogador ainda pode arremessar itens como facas e bombas, ou aproveitar o tempo em que está escondido para usar um item de recuperação de vida.
Como a visão do jogo é bem próxima ao personagem, nem sempre é fácil de enxergar os inimigos nas salas. Para mirar, se utiliza o direcional direito do controle, e quando um inimigo entra na mira, uma marcação nele aparece. Isso muito ajuda em salas escuras.
Sempre que um inimigo atira, fica um rastro de fumaça de onde sua bala passou, o que acaba servindo para o jogador a arriscar um tiro nessa direção, principalmente em salas mais escuras.
No término de cada fase, os pontos obtidos por matar inimigos podem ser utilizados para desbloquear novas habilidades. Esses pontos são chamados de “pecados”.
Nas fases você pode encontrar uma loja que pede Ferro como pagamento
O jogo é dividido em Capítulos e cada capítulo possui um certo número de fases. Mas passá-las não garante nenhum tipo de checkpoint. A morte leva o jogador de volta para a primeira fase, perdendo todos os seus equipamentos e melhorias que se adquire durante o jogo. As únicas coisas que permanecem são as habilidades conquistadas com pecados.
Como os inimigos não são tão fáceis de derrotar, as mortes acabam sendo constantes. Isso porque itens de cura encontrados são raros. Ao menos é possível desbloquear garrafas utilizando pecados para armazenar poções de cura.
Não existe uma grande variedade de inimigos e eles podem se tornar repetitivos em pouco tempo. Mas, existem chefes, que surgem sem avisar em salas aleatórias, que causam bastante dano e tem, além de vidas enormes, uma movimentação bem diferente dos demais.
Joguei tanto pelo controle como no teclado com mouse e a primeira opção é mais confortável, porém, com a segunda é mais fácil para mirar.
As melhorias encontradas nas fases somem caso você morra
São muitas armas diferentes no jogo, mas elas são baseadas em poucos estilos, tendo como maior diferença atributos como dano, alcance, velocidade na recarga, etc.
Embora o jogo tenha vozes em inglês, ele tem menus e legendas em inglês. Então, entender sua história não será nenhum problema.
Como dito antes, a alta dificuldade faz o jogador voltar várias vezes para o começo, perdendo quase tudo que conquistou. Isso pode ser frustrante para quem não tem paciência de ficar repetindo várias vezes as mesmas fases. Por mais que elas tenham formato diferente a cada nova partida, seus objeticos acabam sendo os mesmos.
Fora isso, o maior problema está na visualização das salas, já que mesmo com a luz acessa, alguns inimigos atiram de fora da tela. Em salas grandes com muitos inimigos, fica difícil saber o momento certo de atirar ou se mover, e sua mureta acaba desaparecendo em segundos. Para balancear, a jogabilidade é bastante precisa e justa.
A câmera costuma descer quando não está havendo combate
West of Dead é bastante desafiador e traz boas novas ideias. Nem tudo funciona tão bem, mas ele ganha pontos por ser experimental e tentar inovar.
É aquele tipo de jogo que transborda de criatividade, porém precisaria de uma polida em certos aspectos. Se a produtora tiver condições de trazer uma continuação, sabendo colocar somente o que funcionou e incluindo boas novidades, pode vir a ser uma sequência memorável.
Para tanto, é necessário ouvir o feedback dos jogadores e mesclar isso com as possíveis novidades.
Nota: 7/10
- Para essa análise, recebemos uma cópia da Upstream Arcade, versão PC – Steam