No dia 26 de janeiro, a Bandai Namco lançou Tekken 8, dando continuidade à sua franquia de jogos de luta mais famosa. Ele está disponível para PlayStation 5, Xbox Series S|X e Windows PC. E nós recebemos uma cópia para a realização dessa análise.
A história do jogo se inicia após a terrível batalha que terminou com a derrota de Heihachi Mishima, concentrando-se em uma nova rivalidade entre pai e filho, já que a busca de Kazuya Mishima pela dominação mundial é combatida pelo protagonista da série, Jin Kazama. A vibe é de encerramento de saga, acontecem grandes confrontos e momentos marcantes.
Esse novo Tekken chega com várias novidades e atualizações, além de apresentar gráficos dignos da geração atual de consoles. As lutas estão mais agressivas do que nunca e existem novos e criativos modos de jogo, tanto para gameplay offline como on-line.
Jogabilidade
No campo de jogabilidade, todos os personagens tem atualizações em golpes e combos. Como é de praxe, mesmo os jogadores veteranos precisarão se reacostumar com as mudanças e rebalanceamentos. Se no Tekken 7 a novidade foram os poderosos Rage Art, em Tekken 8 foi a vez do Sistema de Heat que eleva ainda mais o nível de estratégia das batalhas.
Todo Round cada jogador tem uma barra de Heat que pode ser ativada a qualquer momento. Ela aumenta a força dos ataques e tem tempo de uso limitado. Além disso, ela habilita um finalizador (Heat Smash) mais forte que varia para cada personagem, podendo ser um golpe poderoso ou um combo de alguns hits.
Esse estado de Heat (Heat Burst) é ativado ao pressionar dois botões, com o atalho (R1/RB) ou usando o Heat Engager. Todo personagem agora tem um golpe normal que ativa a barra de Heat, ele arremessa o inimigo para o canto da tela, tonteia e faz o jogador dar um dash, permitindo o início de um combo.
Esse golpe normal é o Heat Engager, muito útil para combar contra o adversário, o único porém, é que os jogadores que eram acostumados a usar esse golpe nos jogos anteriores, terão que se privar de usá-lo, caso não queriam ativar a barra de Heat antes da hora. Seria bacana se, antes do início da luta, pudesse escolher usar o Heat Engager ou não.
Outro ponto a se destacar sobre esse sistema é que o Heat Smash tira muito dano. Talvez, as lutas ficariam mais balanceadas se ele causasse menos dano, já que todos os outros golpes já tiram mais vida enquanto o Heat Burst está ativado.
Diretamente do Tekken 7, o Sistema de Rage está de volta. Quando o jogador chega a uns 20% em sua barra de vida, o Rage é ativado automaticamente. Ele aumenta o dano dos golpes e dá acesso ao Rage Art, um golpe extremamente poderoso que só pode ser realizado uma vez e pode mudar os rumos do resultado da batalha. Acertando ou não, após o Rage Art ser utilizado, ele remove os bônus do estado de Rage, então é preciso alguma estratégia para usar o super golpe com sabedoria.
A combinação do Rage Art com o Heat Smash pode ser devastadora…
Para iniciantes
Estilo Especial é o novo modo facilitado de jogabilidade criado para auxiliar jogadores novatos. Ele transforma os quatro botões de soco ou chute em atalhos para combos curtos, golpes especiais, algum tipo de agarrão ou contra-ataque, etc. Varia para cada personagem. Lembra o esquema padrão de configuração de botões usados em jogos de luta de anime como Dragon Ball Z ou Naruto.
O Estilo Especial é bem prático de usar, no entanto, embora foque nos melhores recursos de cada personagem, não dá acesso a toda a gama de movimentos que eles possuem. Assim, ele é somente um meio de introduzir o jogo aos iniciantes, mas não substitui o controle padrão.
Esse modo facilitado é habilitado a qualquer momento da luta, ao se apertar L1/LB. Ele até mesmo mostra uma janela no canto da tela com a descrição do que cada botão pode fazer.
A única polêmica desse modo é que ele pode se tornar apelativo, já que é ativado e desativado no meio de um combate. Um jogador experiente que está perdendo pode resolver mudar para o Estilo Especial só para tentar virar o placar de forma mais fácil, já que terá golpes fortes ou pequenos combos com o aperto de poucos botões. Isso não aconteceria se o modo facilitado só pudesse ser ativado antes do início das lutas, sem opção de reverter até que a luta acabe, como outros jogos fazem.
Muita gente
Tekken 8 vem com trinta e dois personagens jogáveis, três deles sendo estreantes: Azucena, Victor e Reina. É número bem grande para um lançamento, comparando com outros jogos do gênero. E ainda teremos outras temporadas com novos personagens sendo adicionados. Um dos já anunciados é Eddy Gordo, o queridinho dos brasileiros.
Modo História – “O Despertar das Trevas”
O modo história continua a Saga Mishima, trazendo momentos bastante épicos. Esse modo tem inspiração em jogos da NetherRealm como Mortal Kombat 1 ou Injustice, porém, não deixa de ter tempero próprio. Vamos descobrindo os novos acontecimentos enquanto lutamos várias batalhas intercaladas de cutscenes (tanto em tempo real como numa CGI muito bem feita).
Cada luta acontece com parâmetros diferentes para se adequar ao que está acontecendo naquele momento da história. Em apenas um combate entre dois personagens, o jogador irá lutar vários rounds e a conclusão deles nem sempre será a vitória. De acordo com as cutscenes, a luta pode começar com o jogador sem barra de Heat, sem poder usar o Rage Art, com o Heat já ativado, etc.
E a finalização pode acontecer quando o jogador acerta um Rage Art, quando a vida do inimigo chega a uma certa porcentagem, quando a luta dura um certo tempo, etc. Alguns quick time events (QTE) podem ocorrer raramente. Eles podem afetar o início da próxima luta, como por exemplo, deixar o jogador ou o inimigo com menos vida inicial.
No geral, essas mudanças funcionam bem pois deixam o jogador mais imerso na história, realmente fazendo parte daquelas lutas. Outro fator que ajuda muito nessa sensação é a transição entre cutscenes e lutas que é praticamente instantânea. Quando o jogador é derrotado ele pode tentar novamente sem nenhuma espera também. Para quem tiver problemas para vencer os combates, há um seletor de dificuldade, tornando esse modo acessível a todo tipo de jogador.
Minha única ressalva sobre o Modo História é que existe uma boa diferença de imagem entre cutscenes em tempo real e em CGI. Quando está em tempo real, a imagem tem muito mais contraste, com pretos bastante reforçados e cores fortes. Já nas cenas em CGI todos os tons são mais claros e acinzentados. É muito visível quando ocorre a troca entre os dois tipo de cutscene, mesmo que as cenas em tempo real sejam muito bem feitas. Uma regulagem nas cenas em CGI melhoraria muito o resultado geral.
Esse modo possui 15 capítulos e no total dura umas 3 horas. A história não é a mais complexa do mundo e também não é extensa demais. Ela foca no confronto definitivo de Jin e Kazuya, além de mostrar como acontece o novo torneio do Rei do Punho de Ferro.
A sensação é de estar assistindo a um anime shonen, só que feito em CGI parcialmente realista. Os personagens arrebentam todo o cenário enquanto lutam, fazem disputa de poder, dão aquela pausa para dialogar. Existem derrotas marcantes, há um momento para refletir, buscar um novo sentido para continuar lutando, descobrir novos poderes. Tudo o que poderia ser considerado clichê, porém, funciona bem no contexto do Tekken 8.
E os últimos confrontos são bem desafiadores, com várias surpresas bastante nostálgicas. Praticamente todos os personagens disponíveis no jogo de alguma forma aparecem nessa história, mas o destaque fica para a Reina, que possui movimentos muito parecidos com certo personagem marcante da franquia. Esse detalhe é abordado durante o modo, não vou contar aqui!
Dá pra dizer que o Modo História é competente, entrega uma resposta que os jogadores queriam há muito tempo. A duração é curta, comparando com outros jogos. E ela poderia até ser ainda menor, já que alguns confrontos entre personagens parecem às vezes durar mais do que o necessário. Fica um pouco a sensação que esticaram só para durar mais tempo.
Outras histórias
Há outro modo de história, mas é individual para cada personagem. Nele, temos cinco lutas na sequência e um final em CGI mostrando a conclusão. Lembra muito os Tekken antigos que tinham esse encerramento no Modo Arcade. Só que agora, essas cenas nem sempre são levadas a sério ou representam o final de um torneio. Algumas realmente acontecem de forma canônica e outras são apenas uma piadinha, um sonho, etc.
Em todo caso, servem para fazer o jogador conhecer mais sobre o background de cada personagem do jogo e seus objetivos. O ponto negativo desse modo é que os cenários seguem o que a história conta e tem personagem que acaba tendo as cinco lutas no mesmo lugar, ficando um pouco cansativo.
Há um Modo Arcade Clássico também. Mas ele não mostra nenhuma animação no final. São várias lutas na sequência e o último chefe é o Devil Kazuya.
Modo RPG?
Ainda dentro dos conteúdos offline, o jogo oferece o Missão Arcade. É um modo onde o jogador cria seu avatar e explora cenários em 3D (casas de arcade) onde ele pode conversar e enfrentar outros NPCs que também jogam Tekken 8. Ao vencer as lutas, o jogador sobe de ranking, participa de torneios e aprende táticas de luta para aprimorar seus conhecimentos.
Vários avatares podem ser criados, com uma gama mediana de roupas, acessórios, tipos de rosto, cabelos… Infelizmente, olhando as opções, nota-se que muitos itens são apenas variações de cores de outros. Ao menos você pode alterar a cor de cada peça e deixar o avatar mais ao seu gosto.
Embora muitas pessoas comparem esse modo ao World Tour do Street Fighter 6, ele me lembrou muito o modo RPG dos Mario Tennis de Game Boy Color ou Advance. Já que se trata de evoluir um avatar ao desafiar personagens pelo cenário e participar de torneios enquanto aprende novas técnicas. A diferença é que em Tekken 8 o avatar não pode ser usado nas lutas, apenas os personagens do jogo.
Os gráficos do Missão Arcade são bem simples, mas, agradáveis. A salinha inicial de fliperamas me lembrou muito os arcades do Shenmue ou dos Yakuza (Like a Dragon). Com gráficos simples, eu não entendi porque alguns posteres pelos cenários aparecem em resolução tão ruim no Xbox Series S (console onde eu testei o jogo).
Replay de Aprendizado
Uma outra maneira de aprender a jogar Tekken 8 é o Modo Replay. Suas lutas recentes sempre são armazenadas para você reassistir. Durante o replay, o jogo faz algumas pausas para dar dicas em momentos que você errou e indica o que poderia ter sido feito.
Com o aperto de um botão, você vê o jogo mostrando alguma tática, um combo, uma forma de escapar de uma emboscada, etc. É bastante útil.
Batendo na IA
O jogador também pode se enfrentar no modo Batalha com Fantasma. O jogo simplesmente coleta informações sobre como o jogador costuma lutar e cria uma IA que se comporta da mesma maneira.
Assim, o jogador pode entender suas próprias táticas e aprender a improvisar em futuros combates. É possível enfrentar outras IAs baseadas na equipe de desenvolvimento do Tekken 8 ou baixar de outros jogadores que tenham disponibilizado de forma on-line.
On-line
O Saguão de Luta Tekken é um lobby virtual bem robusto que abriga o jogador e seus amigos para as partidas on-line. Dentro dele pode-se treinar no Dojo, jogar Tekken Ball, personalizar o personagem favorito. Mas o foco são as lutas on-line, que servem para criação de pequenos campeonatos também.
As duas grandes sacadas é que Tekken 8 já veio com o famoso netcode Rollback e possui crosplay entre todas as plataformas. Facilitando para se encontrar todos os tipos de adversários, novatos e avançados.
Tekken Bola
O famoso modo mais galhofa de Tekken 3 e Tekken Tag Tournament 2 (Wii U) está de volta!
Tekken Ball ressurge e agora pode ser apreciado com todas as novas técnicas de luta de Tekken 8. Trata-se de um modo fácil de entender, não é muito profundo, mas, diverte numa disputa entre amigos. Há somente um cenário disponível, a praia. Porém, existem várias skins cosméticas para a bola.
Nesse modo os jogadores estão separados numa quadra e não podem se acertar diretamente. O objetivo é acertar um golpe numa bola de praia e fazer ela bater no adversário ou cair em seu campo. Os acertos causam dano e perde quem chegar primeiro a zero em sua barra de vida.
As partidas sempre são “jogador contra jogador” ou “jogador contra CPU”. Mas, poderia haver mais algumas opções como um modo arcade, um meio de criar um campeonato. E até mesmo missões ou desafios como “partida sem usar os pés”, “sobreviva ao tempo do relógio”, “comece com a vida no danger”, etc. Quem sabe isso não surge futuramente?
Jukebox
Uma das personalizações mais legais de Tekken 8 é a trilha sonora. Estão disponíveis as trilhas de Tekken 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, Tag 1, Tag 2 e Revolution. As trilhas rearranjadas (exclusivas para alguns dos jogos em versão console) também estão presentes (aprende, SNK…). E todas as telas de Tekken 8 podem ter suas músicas alteradas por qualquer faixa dessas trilhas.
Existem configurações pré-programadas para cada jogo anterior, mas, se o jogador quiser, ele tem até três espaços para criar sua própria configuração de trilhas. Isso me lembrou a época do Tag 2 no PS3, onde o jogo permitia trocar as músicas do jogo por MP3 armazenadas na memória do console. E eu fazia a festa colocando músicas de outros jogos. Mas, hoje em dia, esse negócio de MP3 já não é mais bem visto.
Uma consideração que preciso fazer sobre as trilhas é que elas parecem ter alturas diferentes. As músicas de Tekken 3, por exemplo, são bem fáceis de ouvir na configuração de som padrão do jogo. Mas, as músicas do Tekken 4 ou do Tag ficam bem baixas, sendo necessário ir nas opções aumentar o “Volume da Música”. Faltou uma pequena regulagem nesse quesito.
Conclusão
Tekken 8 é um jogo bastante sólido, sua jogabilidade aparenta ser bastante polida e não há aquela sensação de que foi lançado às pressas. Existem vários modos offline, ainda que a duração deles seja ligeiramente curta. Ter trinta e dois personagens jogáveis torna o título bastante atrativo, principalmente para quem joga on-line ou costuma se reunir com amigos.
Temos dezesseis cenários disponíveis, o que pode parecer muito num primeiro momento, porém, alguns são apenas variações de horário do mesmo local. Seria interessante se as futuras DLCs trouxessem também cenários novos ou alguns icônicos da série (a ilha do Eddy Gordo, o colégio do Tag 1, o shopping do Tekken 4, etc.).
Existem várias opções de acessibilidade visual. Os jogadores podem ser destacados com alguma cor específica e outras cores de toda a tela podem ser reduzidas. Isso com certeza agrega bastante para o título.
Esse é um jogo recomendado para todos que curtem jogos de luta, novatos ou experientes. Só o que pode afastar o grande público são os preços que atualmente estão bastante altos. Na PSN, a Edição Padrão está saindo por R$ 349,90. A versão Deluxe (que possui o Passe de Temporada e mais alguns brindes) está R$ 499,50. E a versão Ultimate (com apenas três visuais de avatar a mais que a Deluxe) está por R$ 549,50.
Em todo caso, quem investir, terá acesso a uma das versões mais bem acabadas de Tekken. E um dos gráficos mais bonitos atualmente no gênero de jogo de luta. Todo o potencial da Unreal Engine 5 foi usado até mesmo na versão de Xbox Series S.
Ela tem ótimo desempenho de FPS e a maior perda está na resolução que não está em 4K nativo como em outras plataformas. De qualquer forma, o resultado é bem surpreendente e não chega a faltar elementos nos cenários, como a Capcom fez em Street Fighter 6.
- A Bandai Namco nos enviou uma chave deste jogo para essa review. Testado no Xbox Series S
ANÁLISE
Tekken 8
O novo capítulo da franquia Tekken chega com uma jogabilidade mais agressiva e profunda. Traz a conclusão de um grande arco, novos personagens e gráficos super modernos. Há bastante conteúdo offline e on-line, por em, o preço no Brasil pode afastar parte do público.
PRÓS
- Novas mecânicas elevam o nível das lutas
- Gráficos impressionantes na Unreal Engine 5
- História conclui um arco importante da franquia
- Muitas opções de jogo
- 32 personagens jogáveis
CONTRAS
- Os modos de jogo offline tem pouco tempo de duração
- Pouca variedade de cenários
- Os preços no Brasil podem assustar um pouco