Momento blog…
No próximo dia 11 de março iria completar 2 ANOS que deixei de ir aos cinemas por conta da pandemia de COVID-19. Não foi exatamente por escolha minha, mas por uma questão de querer me proteger. O aumento dos casos e mortes, falta de vacina inicialmente, descaso do governo, pessoas negando a letalidade do vírus, entre muitas outras coisas, mexeram muito comigo. Principalmente com relação à minha ansiedade.
Estive trabalhando de casa por muito tempo e evitei sair ao máximo. Vi as coisas melhorando um pouco, para em seguida voltarem a piorar e depois melhorar de novo. Foi difícil para mim e acredito que para muitas pessoas também. Talvez, tudo tenha se tornado apenas uma grande paranoia da minha parte. Porém, realmente passei a me sentir bastante ansioso em ambientes cheios e fechados.
Enfim, dito tudo isso, no final de 2021 resolvi buscar ajuda especializada e decidi encarar esse problema que afetou tanto meu psicológico.
A última vez que fui ao cinema foi na cabine de imprensa de “Bloodshot“, da Sony Pictures (você pode conferir a crítica aqui). Sim, faz tempo que não compareço a cabines pelo motivo explicado acima. No entanto, nesta semana resolvi ir ao cinema para assistir “Uncharted: Fora do Mapa“. Uma escolha legal que fiz, pois, sou fã da franquia de jogos onde o filme foi baseado. Ele já estreou há algumas semanas, não é mais novidade, mas valeu a pena a compra do ingresso.
E agora você pode conferir aqui o que achei dessa produção.
Sinopse do filme
Baseado em uma das séries de videogame mais vendidas e aclamadas pela crítica de todos os tempos, Uncharted: Fora do Mapa apresenta ao público o jovem e esperto Nathan Drake (Tom Holland) e mostra sua primeira aventura de caça ao tesouro com seu sagaz parceiro Victor “Sully” Sullivan (Mark Wahlberg). Em uma aventura épica repleta de ação que se estende por todo o mundo, os dois partem em uma perigosa busca pelo “maior tesouro nunca encontrado”, enquanto rastreiam pistas que podem levar ao paradeiro do irmão há muito perdido de Nathan.
Recriado para o cinema
Algo que fica bem claro nos primeiros minutos do longa é que o objetivo dos roteiristas não foi seguir o enredo dos jogos à risca. Temos sim algumas cenas que os gamers já conhecem bem, porém, elas apenas introduzem os personagens para seguir uma história inédita em seguida.
Primeiro vemos como Nathan Drake leva sua vida trabalhando com barman em Nova Iorque. Em seguida, ele conhece Sully e é convencido a partir em busca de um tesouro. Nos games, temos várias cenas da infância de Nathan mostrando como ele conheceu Sully ou alguns momentos ao lado de seu irmão, Sam. Mas fora isso, nunca exploram a primeira grande aventura de Drake e Sully.
E é isso que o filme se propõe a mostrar.
A inspiração em aventuras pulp, como Indiana Jones ou A Lenda do Tesouro Perdido, já existia nos jogos e continuam no filme. Drake e Sam desde pequenos sempre se interessaram muito por histórias sobre tesouros, exploradores, piratas, etc. Eles até se metem em algunas confusões por serem curiosos demais. Essas pequenas aventuras acabam obrigando Sam a abandonar o irmão no orfanato. Ele até promete voltar, mas após algum tempo enviando algumas cartas, desaparece e muitos anos se passam.
Quando Sully recruta Nathan, ele revela conhecer Sam, mas diz não saber seu paradeiro atual. Esse é um dos motivos que leva Nathan a aceitar participar da busca pelo tesouro.
Além de se interessar muito por história, Nathan também demonstra habilidade para ser ladrão, no maior estilo trombadinha. Seu conhecimento é tão grande que ajuda muito na hora de decifrar enigmas ou de lembrar de figuras históricas. Sully, por sua vez, está no ramo de caça a tesouros há muito tempo. E toda essa experiência o transformou numa pessoa que não confia facilmente em ninguém, utilizando de vez em quando métodos bem errados para conseguir o que precisa. Por conta disso, essa dupla vai demorar para finalmente se entender.
A estrutura dos jogos está presente no filme. Existem momentos de exploração, resolução de mistérios e pistas, viagens, parkour, tiroteio contra inimigos e muito mais. Tudo está muito bem dosado no filme, porém, não espere toda a extensão que os jogos apresentam. O filme tem um pouco de cada elemento, mas resumido para sua duração de quase 2 horas.
A personagem Chloe Frazer (Sophia Ali) também está no filme e é uma velha conhecida de Sully. Ela se mostra tão esperta e calejada quanto ele, não confiando e não sendo confiável por um bom tempo.
Os protagonistas viajam para vários lugares ao redor do mundo em buscas de pistas, mas não espere tantas mudanças de locações como nos jogos. É apenas o suficiente para o filme fazer sentido.
O grande vilão que fica na cola de Nathan e Sully desde o início é Santiago Moncada (Antonio Banderas) e também sua subordinada Braddock (Tati Gabrielle). Braddock sempre mostra muito serviço em campo, é uma inimiga extremamente letal. No entanto, o ator Antonio Banderas pareceu um pouco subaproveitado no filme. Ele tem alguns momentos legais e bem vilanescos, porém, falta alguma personalidade mais forte, um momento marcante, algo que justificasse a escolha do ator.
Não faltam explorações de tumba e uma delas leva até um lugar bem inusitado. Para quem curte o gênero, está tudo presente: chaves para encaixar, coisas para empurrar, armadilhas no chão para pisar, códigos indecifráveis nas paredes, etc…
Preciso falar sobre a mudança na idade de Nathan Drake. Como comentei anteriormente, o filme aborda uma época não explorada nos jogos, que é quando Nathan tem sua primeira grande aventura. Sendo assim, não faria sentido ele ser tão velho como aparece nos jogos.
Quanto a sua personalidade ser diferente, o motivo também é o mesmo. Vai demorar alguns anos para o Nathan se tornar o ladrão “safado” e sarcástico dos jogos. É completamente normal que ele esteja mais cru e um pouco diferente em sua primeira caçada. A escolha para essa mudança no cinema é válida para trazer aos fãs da franquia algo novo. E claro, se o filme for bem na bilheteria, muitas continuações poderão acontecer, até que o Nathan (e o Tom Holland) finalmente cheguem à idade vista nos jogos.
O ator é bastante marcado por ser o Peter Parker nos filmes atuais do Homem-Aranha. Mas desde o início do filme é perceptível que o Nathan que ele interpreta tem traços de personalidade diferentes, sendo mais malandro e tendo um tipo de diálogo que tenta passar um ar de maturidade. Na dublagem temos o mesmo dublador dos filmes do “miranha”, no entanto, ele emposta mais a voz, deixando mais grave. Provavelmente, foi uma decisão do estúdio de dublagem para colaborar na construção de um novo personagem do ator.
Quando você entra na vibe do filme, ele fica bem divertido. Assim como nos games, Nathan está sempre no limite e passa por inúmeras situações em que suas habilidades são colocadas à prova. Embora existam aqueles momentos de “sorte de protagonista”, não é nada que atrapalhe a trama.
Quase sempre as coisas estão a um passo de dar errado, mas acabam dando certo. Por mais que a gente saiba que não vai falhar, dá aquela aflição por estarmos torcendo pelos personagens.
Sem entrar em spoilers, posso dizer que o fim do filme é satisfatório. Ainda assim, achei a descoberta da localização do tesouro um pouco sem graça. Ele está num lugar de fácil acesso, com duas enormes entradas. Muito difícil que alguém já não tivesse achado aquele lugar antes. Seria mais convincente se fosse uma tumba de difícil acesso, que exigisse a inteligência dos personagens para chegarem até o tesouro.
Mas de resto, Nathan e Sully evoluem bastante como personagens no final. O momento em que Nathan veste o coldre e toca a música tema da franquia é interessante. Me lembrou o momento final do jogo Tomb Raider (2013), quando a Lara finalmente segura duas pistolas e começa a atirar.
Falando em tiros. Talvez os roteiristas não quisessem chocar muito a audiência ao mostrar o jovem Nathan matando pessoas. Então, ele passa o filme todo sem matar ninguém. Até quando ele finalmente atira não dá para saber se ele acertou. Quero muito saber como vão resolver isso numa possível continuação, já que matar torna-se normal para Nathan futuramente (principalmente capangas de adversários).
Em questão de efeitos, o filme usa um CGI de boa qualidade, mas que falha às vezes em alguns quesitos. A famosa cena do avião ejetando o carregamento está bem feita e pega uns ângulos que só seriam possíveis com uso de computação gráfica. Mas uma cena em que ficou bem artificial é quando Santiago está para entrar nesse mesmo avião, ainda em terra firme, e percebe-se que os atores estão interagindo com uma nave que não existe em cena.
Finalizando
Ao que parece, Uncharted: Fora do Mapa está indo muito bem na bilheteria e o feriado recente ajudou a aumentar esse número. Tenho muita curiosidade em ver uma continuação, as cenas pós-créditos tem grande influência sobre isso.
O fã que queria uma réplica exata dos jogos poderá até não curtir muito. Mas para quem procurava algo além do que foi mostrado no PlayStation, pode ter se surpreendido. Quem não conhece a franquia vai ter uma bela tarde de filme pipoca com atores que já está acostumado a ver. Ainda há muito para se explorar nesse universo, a Sony está com a faca e o queijo na mão, basta saber aproveitar.
E um adendo: existem várias referências para os fãs detectarem. Desde roupas até participações especiais.
ANÁLISE
Uncharted: Fora do Mapa
Mesmo trazendo muitas referências ao jogos, o filme acerta em mostrar algo ainda não explorado: a primeira aventura de Nathan Drake. Muita ação do começo ao fim levam muita diversão ao cinema.
PRÓS
- Uma das melhores adaptações dos games para o cinema
- Traz uma aventura inédita
- Ação e comédia na medida certa
- Boas pontas para uma continuação
CONTRAS
- Em alguns momentos a CGI é bem artificial
- O vilão tem pouca personalidade
- O acesso ao tesouro é fácil demais