No ano de 1996 eu tive um Sega CD por uns 20 dias…. ou melhor, funcionando por uns 20 dias. Até que um trágico acontecimento fez com que ele quebrasse bem na véspera de natal e se tornou o console (ou add-on) que tive menos contato até hoje, mesmo o tendo em casa…
Naquele ano, lembro que eu estava na sexta série do ensino fundamental. O fim do ano estava chegando, eu tinha um Mega Drive 3 e vi uma liquidação de Sega CD num atacadista perto de casa. Eu nem ligava se esse console era um sucesso de vendas ou não, aqueles pôsteres que vinham com os jogos do Mega Drive sempre mostravam fotos dos exclusivos para Sega CD e 32X. Era como uma vitrine para o que poderiam ser jogos fantásticos (ou não…). E eu tinha muita vontade comprar os dois consoles para montar o “megazord” da Sega em casa.
Resolvi pedir o Sega CD para meus pais e eles concordaram em me dar de natal. Então, no dia 1 de dezembro, minha mãe foi comigo até a loja e compramos! Sega CD com Tomcat Alley por “160 Fernandos Henriques”. Sim, eu lembro do valor.
O novo videogame
Foi legal montar, testar o novo jogo (que era em FMV e eu sempre perdia na mesma parte), achar um espaço novo na tomada, etc… Foi divertido tocar CDs no console (mesmo que eu tivesse poucos na época). Mas uma coisa que me deixou impressionado era que os jogos de Mega Drive 3 ficavam com som estéreo pela saída do Sega CD e com uma qualidade muito mais limpa.
Nas semanas seguintes eu consegui alugar 2 jogos: Sonic CD e Fatal Fury Special. O primeiro eu curti muito, mas não entendi porque ele tinha gráficos do Sonic 1 do Mega Drive, sendo que ele saiu depois do Sonic 2 (que é muito melhor trabalhado nesse quesito). E até hoje eu acho seus Special Stages quase impossíveis.
Fatal Fury CD foi o primeiro jogo de luta com “loading times” demorados que joguei em casa. Esperar pra jogar sempre foi chato, mas eu estava vivenciando a evolução! Olha que honra! E depois de jogar bastante, com personagens enormes na tela, música com qualidade de CD, Ryo Sakazaki habilitado desde o começo, eu não entendi porque as pessoas preferiam a versão de SNES (ah, mas no SNES tem quadros quebráveis no estágio do Jubei! …Ooooooh! …Que legaaaal!).
O começo do fim
Eu nunca tive o costume de colocar presentes em volta da árvore de natal. Mas a caixa do Sega CD era tão grande, que eu tive a ideia de colocar lá quando fosse tirar umas fotos. E o console tinha que estar dentro, para ficar mais “true”.
Assim o fiz, no dia 23 eu guardei o Sega CD e deixei em cima da cama. No entanto, minha mãe nunca gostou de bagunça em casa, nem na sala, na cozinha, nos quartos, em nada. Eis que neste dia ela entrou no meu quarto e viu a caixa do Sega CD em cima da cama, que deveria estar no armário ou outro lugar que não fosse à mostra… Então, prezando pela organização e bons costumes, ela pegou a caixa em suas mãos, soltou no chão e a chutou para dei baixo da cama…
Eu vi acontecer e lembro do barulho da caixa batendo no chão…
Na hora eu nem me importei, tirei a caixa de lá, coloquei na árvore como havia planejado e o dia 24 chegou. Quando finalmente resolvi tirar o Sega CD da sala e levar para meu quarto para jogar, veio a surpresa. Ele parou de funcionar. Os CDs simplesmente não rodavam, de jeito nenhum… Contei para meus pais e ele não acreditaram muito que minha mãe havia quebrado ao jogá-lo no chão… triste…
A garantia
Mas nem tudo estava perdido, afinal, tínhamos a nota fiscal do Sega CD e ele estava na garantia. Em janeiro levamos o console na Tectoy, na Lapa (em São Paulo). Ele ficou uns 15 dias por lá e voltou para casa funcionando. YES!
Mas funcionou apenas por um final de semana (eu só podia jogar videogame nos finais de semana, falando nisso). E então voltou a apresentar o mesmo problema. Ou seja, funcionar novamente foi só uma despedida do console.
Meu pai nunca gostou muito de videogame, nem o quanto eu gostava de jogar. Eu cheguei a contar sobre o Sega CD ter quebrado novamente, mas eu sabia que a Tectoy era longe e não queria ficar incomodando.
Assim, as semanas passaram, o videogame continuou quebrado e em 1997 eu ganhei um PlayStation destravado com 5 jogos piratas (que eu não pude escolher, então, imagina a qualidade deles…) e comprei junto X-Men vs. Street Fighter (esse rodou tanto no videogame que ele deve ter decorado seus dados).
No final, o PS1 foi uma ótima aquisição, mas meu primeiro console de CD foi o Sega CD, por vinte dias!
Está com um pouco de pó mas tá “inteiro”, com o leitor praticamente novo. Quem sabe um dia não mando ele para o conserto?