Dream High é um kdrama (novela coreana) que eu demorei para assistir, mesmo sabendo de sua existência. E foi uma ótima surpresa. Acho que até merece um podcast mais para frente mas, por enquanto, vou deixar aqui essa análise pessoal, SEM SPOILERS.
A ideia central de Dream High é mostrar um pouco como funciona a indústria do Kpop na Coreia do Sul, do ponto de vista do artista que está iniciando e quer se tornar famoso. Mas claro, como se trata de um drama, a história vai um pouco além do realismo, pra tornar a trama atrativa para o público. De qualquer forma, no geral é assim que uma carreira no universo do Kpop acontece nos dias de hoje, com muito treinamento e muitas audições.
Um fator importante é que, como Dream High tem apenas 16 episódios, alguns fatos acontecem de forma acelerada. Mas isso não é um defeito da série, pelo contrário. Há bastante informação no roteiro e tudo se desenvolve de uma forma bem sólida. Os protagonistas, suas personalidades, os coadjuvantes, os “vilões”, tudo casou muito bem. Por conta disso, Dream High foi um grande sucesso de 2011.
Bom, vamos falar de história. Dream High é um drama sobre K-idols e a indústria do Kpop. E um dos objetivos dessa indústria é tornar o K-pop popular no mundo todo. Ao contrário de outros países asiáticos, como o Japão, que tem seu mercado musical voltado para eles, e não se importam se o restante do mundo irá gostar ou não, na Coreia a música é feita espelhada no maior mercado musical do mundo, os Estados Unidos. Assim, os grupos tem forte influência do pop americano, mas não deixam de ter elementos que só um país asiático poderia criar.
E esse sonho da “dominação mundial através música” você vê logo nos primeiros segundos de Dream High. O primeiro episódio começa no ano de 2018 mostrando o cantor (ou cantora) de nome “K”, vindo da Coreia do Sul, que está se apresentando no Staples Center, em Los Angeles, e recebendo seu primeiro troféu Grammy. Ele tem um pingente em forma da letra K, que ganhou de seu professor.
Então, a história volta 8 anos no tempo (2010), aos poucos vamos conhecendo os 6 personagens principais e ficamos na dúvida sobre qual deles se tornará o cantor misterioso K, que ficará tão famoso no futuro. Cada um tem um motivo para se matricular na Kirin Art School, uma escola renomada por descobrir talentos que se tornam estrelas da música rapidamente.
Então vemos a personagem principal. Mas, antes de explicá-la, vou perguntar. Como você acha que seria uma personagem principal de um drama sobre alunos querendo se tornar estrelas de sucesso? Provavelmente você de diria uma “heroína padrão”: inocente, sonhadora, que deseja ser famosa e que vai aos poucos vencendo os desafios, tornando-se cada vez mais forte.
Pois é aí que você quebra a cara. A personagem principal é completamente diferente disso. Go Hye Mi (trocadilho com Do Ré Mi?), interpretada pela cantora Suzy Bae, é uma garota que tem vocação para música lírica, é um pouco convencida, não sabe expressar bem seus sentimentos e ODEIA K-Pop. Ela estuda num colégio particular e é conhecida pelo seu talento, tendo até uma puxa-saco seguidora, a Yoon Baek Hee, que se veste igual, tem a mesma mochila, corte de cabelo, etc.
E a família Hye Mi não é das mais estáveis. Sua mãe morreu e seu pai está encrencado com dívidas. Tão encrencado, que ele foge da Coreia, prometendo voltar em 3 meses, deixando a casa hipotecada e abandonando Hye Mi e sua irmãzinha. Assim, sem dinheiro, Hye Mi tem que abandonar os estudos para a música lírica e deve procurar um novo lugar para morar.
Seu pai pede que ela procure o professor Kang Oh Hyuk, o qual possui dívida “eterna” com a família por ter seduzido a mãe de Hye Mi no passado. Assim, mesmo não gostando nem um pouco desse professor, Hye Mi se muda para a casa onde Kang Oh divide com sua irmã.
O pai de Hye Mi tinha uma dívida com um “gangster” chamado Ma Doo Shik. Este acaba seguindo a protagonista com seus capangas para cobrar o que é dele. Após muita confusão (“Sessão da Tarde Feelings”), eles entram num acordo. Sabendo que Hye Mi tem talento musical, Ma Doo Shik sugere que se ela estudar na Kirin Art School, tirar boas notas e se tornar uma cantora famosa, um dia poderá pagar a dívida de seu pai. Sem alternativa, Hye Mi faz o teste para entrar a escola musical.
São 6 personagens principais. Além da Hye Mi, temos
Jin Gook, um cara que gosta de dançar e acaba vendo na escola de artes uma chance de ser alguém independente, já que ele sempre viveu preso sob as regras de seu pai, um político ambicioso;
Song Sam Dong, um caipira com vocação para o canto, que não está acostumado com a vida da cidade grande;
Jason, o playboy que nasceu e viveu um tempo nos Estados Unidos, e é MUITO indeciso, além de talentoso;
Kim Pil Sook, a garota que tem uma voz muito potente, no entanto, é gordinha e não se enquadra nos padrões de beleza coreanos;
Yoon Baek Hee, que já citei aqui antes, ela entra na Kirin Art School assim que decide sair da cola da Hye Mi e mostrar que também tem talento.
Obviamente, eu não entrei em detalhes sobre os personagens, pois, eles se desenvolvem desde o primeiro episódio e os vários “plot twists” instigam qualquer pessoa a continuar assistindo. Durante a série você fica tentando descobrir quem se tornará o cantor K, como se resolverá o triângulo amoroso em que Hye Mi se mete, se a Pil Sook conseguirá emagrecer, se o professor Kang Ho vai se redimir de seus erros, entre outras coisas.
O legal é que a cada momento, a série foca num personagem e todos terminam diferente de como começaram. Até mesmo os professores, os pais dos alunos e outros personagens secundários tem começo meio e fim. As intrigas e disputas fazem sentido, e você vê algo que aconteceu no primeiro episódio refletir em todos os outros.
Alguns assuntos polêmicos como bullying, assédio e chantagem são tratados no kdrama. Vemos também problemas de relação familiar e até mesmo problemas de saúde. Aliás, se tem algo que nunca podem faltar num kdrama é: alguém doente, uma viagem repentina e alguém enchendo a cara. E Dream High não é uma exceção.
Como eu disse anteriormente, a trama bem amarrada foi a chave para Dream High se tornar um fenômeno. Isso garantiu uma continuação, Dream High 2, que veio em 2012, mas infelizmente, é muito inferior em todos os sentidos.
História fraca, novos personagens muito rasos, brigas sem motivo e sem conclusão. Definitivamente eu não aconselho assistir, mas há quem goste por conta de vários cantores de K-pop estarem no elenco.
Não posso deixar de citar o “amuleto da sorte” que circula entre os personagens principais. Ele realmente parece ter algum poder especial pois o portador sempre consegue resolver seus problemas quando está com ele. Além disso, ele também serviu para vender bugigangas da série para os fãs. Quem não viu Dream High e não quis um amuleto desses?
Finalizando
A mistura entre cantores e atores no elenco ficou muito boa. É normal na Coreia do Sul os artistas serem treinados para várias mídias diferentes, por isso, a cantora Suzy Bae atua muito bem como Go Hye Mi. Assim como o ator Kim SooHyun se sai muito bem com as música que ele canta.
Recomendo muito Dream High pra quem gosta de kdramas, ou curte de kpop e não tem costume de assistir esse tipo de produção. Difícil ver personagens, roteiro e ritmo dos episódios casarem tão bem. No final você pode até acabar sentindo falta dos personagens e querer que tudo não acabasse no episódio 16.
E após a série, um programa especial com apresentações e premiações sobre Dream High foi feito. Existe legendado em alguns sites, eu recomendo também. Fico triste que no Netflix tenha apenas Dream High 2, mas aos poucos os kdramas estão aparecendo e quem sabe, a primeira temporada não apareça por lá também.
Não é muito difícil de encontrar Dream High em sites de kdrama, basta dar uma pesquisada no Google. Existem sites que vendem a versão legendada de fansub. Nesses momentos, o Google é seu amigo!
NOTA: 10/10
PODCAST sobre Dream High
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Excelente post, muito bem escrito. Fiquei muito afins de assistir e também acho que vale um podcast em breve! Pena que você ainda não entrou no mundo dos j-dramas. Tem títulos muito bons por aí!