Desenvolvido pela Sabotage Games e distribuído pela Devolver Digital para Nintendo Switch e PC, The Messenger é um ótimo jogo de plataforma com a temática “ninja”.
Considerado um sucessor espiritual dos jogos da série Ninja Gaiden para NES, ele consegue ir além, apresentar grandes novidades e muita personalidade.
Conforme divulgado nos trailers, o jogo passa por uma transição entre gráficos 8-bits e 16-bits, assim como os efeitos sonoros e música também mudam.
Mas o motivo disso acontecer, e quando acontece, é uma grande revelação dentro do jogo. Assim, não irei comentar aqui…
Essa imagem mostra a diferença gráfica entre 8 e 16 bits. Dependendo da fase, a diferença pode ser ainda mais drástica!
Além disso, existem vários plot twists durante o jogo. E sua história pode parecer simples, mas esconde vários mistérios. Tudo o que você precisa saber de início é que o personagem principal é um ninja mensageiro que deve levar um pergaminho a um certo lugar ao leste.
Ele descobre isso após seu vilarejo ser destruído por uma entidade maligna juntamente com seu lacaio. E tudo, na verdade, faz parte de uma grande profecia. Assim, o ninja, que você pode nomear como quiser, parte numa grande aventura.
Durante o caminho, ele encontra vários portais que o levam para a loja do vendedor e sábio que existe num plano diferente, onde o tempo não existe. Mas além de vender upgrades, esse lojista dá dicas, conta histórias e, principalmente, sempre caçoa o ninja. De longe, é o personagem mais divertido do jogo por conta de seu sarcasmo afiado.
Às vezes tenho até pena do ninja, pois não é somente o lojista que “zoa” com ele. Temos também Sofismuto, um ser pequeno e com aparência meio demoníaca que sempre revive o protagonista quando o jogador perde uma vida.
Em todas as telas de morte ele sempre tem um comentário sarcástico e contextual. E não sai de graça! Em troca de reviver o ninja, ele cobra alguns cristais, que é a moeda do jogo usada para comprar os upgrades na loja.
Olha só o “demonhão” que destrói a vila do ninja no começo do jogo
A jogabilidade é excelente. Começa simples e com os upgrades ela fica mais complexa, mas ainda sim divertida. O famoso e clichê “pulo duplo” não existe aqui, ou pelo menos não da forma que conhecemos.
Para o ninja saltar mais de uma vez no ar, ele deve acertar algo, seja inimigo, projétil ou luminárias japonesas (Ishidoros) que flutuam no cenário. Ao acertar, ele ganha uma marcação em seus pés que o permite pular novamente. E caso ele acerte algo mais, pode pular de novo.
Assim, existem no jogo certos momentos onde passamos grande parte dos cenários apenas flutuando entre objetos que podem ser golpeados no ar. Essa técnica funciona bem, é muito fluida, e é um dos pontos fortes do jogo.
Bata na luminária e ganhe pulo duplo!
Outro item bastante necessário é o gancho com corda que o ninja atira para frente e o ajuda a agarrar nas paredes, ou evitar quedas grandes, pois ele também funciona em objetos.
Quanto mais o jogador joga, mais ele aprende a usar as mecânicas para passar fases e alguns desafios secretos. Os chefes de fase também ficam mais fáceis quando o jogador domina as técnicas. Por exemplo, ao ser impulsionado pelo gancho, o ninja fica por alguns instantes invencível, e isso pode ser usado em chefes para atravessá-los, sem levar dano. E com isso, é possível criar outras técnicas de combate.
Existem também shurikens que podem ser arremessadas e ajudam a derrotar inimigos distantes. No entanto, elas são bem escassas e com espaço limitado no inventário, tendo pouca utilidade na luta contra chefes.
O trailer entrega muita coisa, assista por sua conta e risco!
A variedade de fases é grande e de inimigos também. O legal é que logo no início o jogador pode notar alguns mistérios que só serão revelados futuramente. E isso instiga a progredir mais para entender tudo o que está acontecendo.
As batalhas contra chefes começam fáceis e vão se tornando mais e mais desafiadoras. É nesse ponto onde é necessário morrer várias vezes até aprender, como num jogo de Mega Man. No entanto, ao morrer, o jogador volta numa tela antes de encontrar o chefe, e o foco fica apenas em aprender como passar.
A trilha sonora funciona muito bem. Parece uma composição de um jogo de NES. Quando os gráficos e sons mudam, ela fica um pouco mais elaborada, com mais canais da áudio e permanecem boas, sem se descaracterizar. Algumas faixas chegam a grudar na mente após algumas horas de jogo.
Um live action para promover o jogo. Está bem fiel!
Um detalhe legal é que o jogo foi traduzido para português brasileiro, mesmo na versão para Nintendo Switch. A trama é divertida, as conversas com o lojista são bem engraçadas e até mesmo os diálogos com os chefes foram bem trabalhados.
A tradução conseguiu inserir gírias e memes que só os brasileiros vão entender e não estragam o espírito original do jogo, pois ele mesmo não se leva tanto à sério.
Mesmo com esse estilo retrô, o jogo pode agradar novos jogadores. O desafio é grande, porém, honesto. A jogabilidade é bem agradável e a história é interessante de acompanhar.
- A Devolver Digital nos forneceu o jogo para teste, versão Nintendo Switch