O gênero RPG de ação em mundo aberto é um dos que mais cresce atualmente. E chegou a vez de Biomutant ampliar um pouco mais desse espaço.
Criado pela Experiment 101 e publicado pela THQ Nordic, o jogo foi lançado dia 25 de maio de 2021 para PlayStation 4, Xbox One e Windows PC. Versões para PS5 e Xbox Series X|S estão prometidas para um futuro próximo.
Biomutant é ambientado num mundo pós apocalíptico habitado por animais antropomórficos com mutações genéticas. Quando uma empresa nuclear resolveu jogar seu lixo radioativo no mar, ela acabou alterando o DNA dos seres marinhos.
Isso desbalanceou a natureza do planeta, causando sua destruição. Tempos depois, novas formas de vida modificadas surgiram e passaram a viver neste mundo cercado pela radioatividade.
A árvore da vida, que dá a vida a este mundo, está ameaçada. Ao mesmo tempo, as tribos existentes estão divididas. Algumas querem proteger a árvore e a vida no planeta. Outras acreditam que a árvore deveria morrer e seguir o fluxo natural.
Você é o herói que irá escolher o destino de tudo. Reunir as tribos para proteger a árvore? Derrotar as tribos? Deixar a árvore morrer? São várias decisões para se tomar e logo no início há uma escolha para se fazer que irá modificar o final do jogo. Você deve optar por seguir o caminho das trevas ou da luz.Um dos fatores que mais chama a atenção é o modo de criação de personagem. São seis raças disponíveis, cada uma com seus pontos fracos e fortes. Ao modificar atributos (como força, vitalidade, intelecto, etc) a forma do personagem também muda, de uma maneira bem detalhada.
Fora isso, existem cinco classes que definem as armas e as vantagens iniciais. Durante a criação você poderá escolher a qual resistência seu personagem será melhor: fogo, frio, radioatividade.
E há também os poderes psiônicos, que seriam as magias do jogo, dando alguns poderes especiais muito usados durante os combates, incluindo até mesmo flutuar por alguns segundos.
Além das missões principais e das secundárias, existem as caçadas aos devoradores: seres enormes que vagam pelo mundo causando destruição. São batalhas bem mais complicadas e necessitam de um bom preparo.
Os combates em si são um pouco confusos. Eles mesclam ideias de vários outros jogos de ação como Devil May Cry e Batman Arkham, mas as mecânicas parecem não conversar direito.É possível atirar de longe, bater de perto, jogar um inimigo para o alto e fazer um combo aéreo. Pode-se correr, pular e desviar de várias formas. Uma delas é esquivar atirando, outra é apertando o botão quando o inimigo acusa que vai atacar.
Como os inimigos sempre têm muita vida, todo combate demora muito. Os maiores têm ainda mais resistência e, por algum motivo, não mostram reação quando sofrem dano, parece que você nem está acertando os golpes ou tiros.
O loot sempre rende sucatas que são usadas para melhorar armas e armaduras. Essas modificações alteram o tipo de dano ou dá uma resistência ao personagem.
As sidequests são simples. Na maioria das vezes você deve buscar um item ou encontrar algum local ou algum NPC. Os NPCs mais importantes aparecem nas missões principais e até ativam cenas flashback para contar mais sobre o enredo.
A campanha pode durar em torno de 12 horas. Caso o jogador queria completar tudo, as horas sobem para 30. Isso pode parecer pouco para um jogo de mundo aberto, mas ele realmente não é tão vasto quanto outros do gênero.
É perceptível o quanto a Experiment 101 foi ambiciosa neste projeto. Existem vários objetivos para se completar, mas, eles parecem meio perdidos durante a aventura. A exploração do mundo é um pouco falha, trazendo obstáculos inesperados e fazendo o jogador dar voltas para chegar ao local desejado. Andar por longos caminhos vazios pelo mapa também não é muito divertido, ainda que exista montaria para acelerar o processo.
Para conquistar as tribos você deve realizar invasões em fortalezas. Elas sempre acontecem da mesma forma. No final você desafia um líder e então decide o destino dele.
Ao ter pelo menos 2 tribos conquistadas, o jogo curiosamente te pergunta se você deseja fazer o mesmo com as demais tribos automaticamente, aceitando delas cartas de rendição. Isso encurta o gameplay para quem está com pressa de ver o final.
Existem alguns puzzles que precisam ser resolvidos em painéis de energia. Eles são simples e consistem em organizar circuitos de cores diferentes. O número de movimentações é limitado e não chega a atrapalhar. Caso o jogador não consiga resolver, o personagem leva um choque, perdendo alguns pontos de vida.
Durante todo o jogo, os personagens falam sua própria linguá, enquanto um narrador traduz, como se fosse um documentário do Discovery Channel. Com o passar do tempo, menos o narrador fala e, caso queira, é possível desligá-lo nas opções.
Não há diálogos em português, mas o jogo possui legendas e tradução de menus, facilitando muito o entendimento do enredo.Os gráficos são bem curiosos. Os personagens parecem vindos de uma animação da Dreamworks possuindo muitos detalhes, principalmente nos pelos. Já os cenários têm cores bem fortes, embora tenham uma aparência foto realista.
Existem alguns problemas no carregamento de texturas que demoram para aparecer ou até mesmo aparecem em lugares errados. Há um excesso de blur no fundo dos cenários durante algumas cutscenes, talvez para dar foco nos personagens. Em todo caso, o efeito poderia ser mais suave.
Testei a versão PS4 no PS4 PRO e notei os loadings bem demorados, mais do que alguns títulos atuais para o console.
Embora não seja um triplo A, Biomutant no momento está com preço bem alto. Não é o tipo de jogo que não deva ser jogado por seus defeitos, mas esperar uma queda de preço é justo.
Nota: 6.5/10
O melhor: A criação de personagem é inovadora
O pior: O combate é confuso e demorado
O que ele não deveria: Ficar repetitivo da metade para a frente
- A THQ nos enviou uma cópia digital do jogo para esta análise, testado no PS4 PRO