[Filme] Crítica – Ruídos (sem spoiler)

No dia 9 de outubro de 2025, a A2 Filmes traz para os cinemas brasileiros o premiado filme coreano “Ruídos“. Nós tivemos a oportunidade de conferir antecipadamente e aqui está nossa crítica.

“Ruídos” é um filme de terror com influências de J-horror carregado de mistério e suspense. Possui uma trama criativa, com muita identidade própria, que vai revelando segredos aos poucos e ainda deixa sinais para possíveis continuaçöes.

Sinopse

As irmãs Joo-young e Joo-hee são as novas moradoras de um apartamento num prédio residencial tão antigo que precisa de reformas urgentes. A alegria da conquista da casa própria acaba rapidamente quando um barulho enlouquecedor começa a surgir num certo horário do dia.

Joo-young tem deficiência auditiva, e por conta isso, o barulho não a incomoda. No entanto, sua irmã, Jo-hee, se irrita cada vez mais, chegando a discutir e arrumar briga com os vizinhos. Para tentar resolver, Jo-hee decide investigar de onde veem os sons estranhos, mas no processo, ela acaba desaparecendo.

A partir daí, Jo-young, passa a procurar pela irmã e, ao mesmo tempo, começa a notar que algo de muito estranho acontece em seu condomínio. Principalmente, quando ela começa a desconfiar que alguém a está perseguindo.

Desenrolar da trama

O filme tem a intenção de prender a atenção do espectador, sempre apresentando elementos novos ao enredo. Seja com um novo personagem, uma revelação, um acontecimento inesperado. Muitos questionamentos são levantados, vários são respondidos e outros não.

Isso não significa que a história não seja boa, parece mais uma forma de deixar intrigado quem está assistindo, para depois conversar com alguém sobre o filme.

Como todo bom suspense, há segredos que o espectador pode tentar descobrir antes deles serem resolvidos pelos protagonistas. E nem sempre eles são o que parece mais óbvio. Confesso que dessa vez eu não consegui matar o maior mistério, mas quando ele apareceu na tela, pensei “devia ter pensado nisso antes”.

A ambientação de terror não é tão carregada visualmente. O “gore” existe, mas são em momentos específicos. O mesmo dá para dizer sobre os momentos de susto, que são bem poucos. Vale a pena ver o filme por conta do desenrolar dos acontecimentos.

O design sonoro é muito bom. Por se tratar de uma trama em volta de sons e ruídos, nesse departamento o filme brilha bastante. Tem o fato da Jo-young ter deficiência auditiva, precisando de aparelhos especiais e o celular para ouvir. Por conta dessa condição, o filme consegue trabalhar até melhor o aspecto sonoro, trazendo ainda mais tensão em momentos específicos.

A direção de arte e a fotografia convencem bem. Os cenários fazem questão de mostrar o aspecto precário do condomínio, com foco nas áreas onde existem salas abandonadas e lixo acumulado. Você quase consegue sentir o cheiro ruim, assim como os personagens sentem.

Como eu comentei antes, algumas pontas secundárias da trama ficam em aberto sem estragar a história do filme. Isso pode garantir uma sequência, já que há condições para isso. Basta que o filme consiga uma boa bilheteria.

Quando uma produção do estilo terror envolve um lugar amaldiçoado e um ciclo de mortes, sempre há espaço para a criação de uma franquia. E talvez esse tenha sido o objetivo dos produtores de “Ruídos”.

Assisti à versão dublada do filme e ela está muito boa. No mesmo nível da dublagem dos k-dramas da Netflix, quase todas as vozes combinam bem com os atores. Se não me engano, apenas a senhora síndica do prédio tem uma voz muito jovem para sua idade. De restante, não tenho nada a declarar.

Geralmente, nas produções coreanas atuais, os estúdios têm escolhido dubladores fixos para cada ator. Porém, no caso da atriz Lee Sun-bin, que interpreta a Joo-young, não consegui notar se é a mesma dubladora que ela teve no k-drama “Amor e Batatas” (Netflix).

“Ruídos” estreou no Toronto International Film Festival (TIFF) e passou por outros festivais como Sitges International Fantastic Film Festival of Catalonia, Florence Korea Film Festival, Transilvania International Film Festival, Kosmorama Trondheim International Film Festival e Fantasy Filmfest Nights.

No geral, o filme foca muito mais no suspense do que nos momentos de susto ou de terror. Os momentos finais elevam a tensão e a sensação de perigo, mas talvez não seja aquele climax arrebatador que algumas pessoas possam esperar. De certa forma, posso dizer que “Ruídos” é um terror mais soft que tem uma trama engajante com todos os mistérios apresentados.