Um Tio Quase Perfeito segue aquele estilo de “family movie” que mostra uma mãe precisando se ausentar alguns dias de sua casa e deixa seus filhos nas mãos de uma pessoa totalmente desqualificada para a tarefa.
Com o passar do tempo, essa pessoa e as crianças aprendem a conviver, se entendem, superam problemas e suas vidas mudam para sempre.
E não é comum vermos esse tipo de filme no cinema nacional. É como se Um Tio Quase Perfeito tivesse iniciado isso, de uma forma bem competente e criando uma identidade muito própria.
Diferente dos filmes do gênero, ele não tenta puxar para comédia e foca mais no relacionamento entre os personagens, com momentos muito emocionantes e passando uma bela mensagem no final.
No filme, Toni (Marcus Majella) utiliza sua aptidão como ator para fazer bicos nas praças da cidade como estátua viva, pastor milagreiro e cantor peruano, enganando as pessoas que passam pela rua e conseguindo alguns trocados.
Infelizmente, o que ele ganha não é o bastante para conseguir pagar suas contas e acaba sendo despejado de seu apartamento juntamente com sua mãe, a dona Cecília (Ana Lucia Torre). Assim, eles vão procurar abrigo temporário na casa de Angela (Letícia Isnard), irmã de Toni e que ele não via há anos.
É coisa que morre? Não? Então pode!
Com uma viagem de trabalho marcada, Angela acaba sem opção e deixa seus filhos Valentina (Sofia Barros), João (João Barreto) e Patrícia (Jullia Svacinna) para seu irmão e mãe cuidarem. Enquanto isso, a babá está desaparecida e o pai, sempre ausente, continua com sua vida política em Brasília (Eduardo Galvão).
Após conseguir um lugar para ficar, Toni se instala do sofá da sala e aparentemente nada vai tirá-lo dali. No entanto, ele acaba cedendo ao pedido das crianças e começa a cuidar delas mesmo a contragosto (seguindo o acordo que fez com sua irmã).
Nesse meio tempo, surgem alguns agiotas cobrando Toni por uma dívida antiga e ele se vê com vários problemas para resolver.
A vovó também é trambiqueira (e com visual inspirado na Rita Lee)
Sem conseguir abandonar seus velhos hábitos de trambicagem, Toni até mesmo transforma a sala da casa em consultório de cartomancia. O que revolta as crianças, principalmente Patrícia, a mais velha.
Mas, como Toni no fundo tem bom coração, ele passa a se importar mais com seus sobrinhos e utiliza seu conhecimento como ator para ajudá-los num projeto de uma peça teatral na escola.
A trilha sonora é bem escolhida e funciona bem em todos os tipos de cena do filme.
Nenhum personagem termina do mesmo jeito que começou. Eles passam por uma evolução pelo convívio que passam a ter. Talvez somente o pai das crianças não mude muito pois ele tem pouco tempo em cena.
Embora a mensagem passada seja bonita e o filme seja bem consistente, ainda existem algumas dissonâncias no roteiro.
A autora tentou criar um filme atual. Mas ela acaba ignorando muitos elementos como redes sociais, internet e smartphones que hoje em dia estão muito presentes na vida das pessoas, principalmente das crianças.
Não que não existam celulares no filme, mas certas situações acabaram um pouco forçadas. Um bom exemplo é no começo, quando Toni passa a morar na casa da irmã e as crianças não estão nem um pouco felizes com isso. Assim que sua irmã, Angela, sai em viagem, ele destrata seus sobrinhos e ignora sua promessa de cuidar deles.
É muito estranho que Patrícia, a filha mais velha que tem um celular, não tenha telefonado, mandado uma mensagem ou um simples Whatsapp para a mãe avisando que seu tio não estava cumprindo seu acordo no primeiro desentendimento entre eles. Ela só chega a falar com a mãe muitas semanas de pois. E não é por falta de crédito no celular, eles tem wi-fi na casa.
Assim, é como se o filme tivesse elementos dos dias atuais, mas se passasse nos anos 90. Claro que essa falta de comunicação entre os filhos e a mãe é proposital dentro do roteiro, mas ele poderia tentar ser mais coerente com a atualidade.
Isso ajudaria até mesmo aos espectadores se identificarem mais com os personagens, já que o roteiro estaria mostrando situações mais críveis.
De qualquer forma, isso não chega a acabar com o filme. Ele é para ser visto em família e é uma boa pedida para a época de férias que está chegando.
Um Tio Quase Perfeito já está em cartaz.
Coletiva de Imprensa de Um Tio Quase Perfeito
Estivemos presentes na coletiva de imprensa que aconteceu num hotel em São Paulo e ficamos sabendo um pouco mais sobre a produção, escolha de elenco e uma possível continuação.
Um fato curioso revelado lá é que inicialmente esse filme se chamaria “Um Pai Quase Perfeito” e o ator principal seria o Leandro Hassum. Na brincadeira, Marcus Majella disse que Hassum foi trocado após ter emagrecido muito.
Confira um trecho da coletiva gravada pelo canal Web Reporter News: